A campanha governista tenta imprimir a ideia de “novo”, ainda que o grupo seja formado por políticos que estão há quase duas décadas no comando do estado. Para atingir o objetivo, assim como Belivaldo Chagas (PSD) que desidratou Jackson Barreto (MDB) em 2018, o Mitidieri de 2022 tem escanteado Belivaldo, o que pode gerar ainda mais atrito dentro do agrupamento.
A campanha de Fábio baseia-se na escalada de Belivaldo em 2018, quando o pessedista saiu de um dígito nas pesquisas para ser eleito. Mas para além da contradição de Mitidieri em intitular-se como sendo o novo, outros fatores podem pesar eleitoralmente contra o seu projeto eleitoral, a começar pela conjuntura política de 2022 que é diferente das últimas eleição anterior.
Em 2018, o grupo situacionista estava unido, inclusive com os petistas, o que beneficiou Belivaldo no segundo turno, tendo sido revertido para o governador grande parte dos 759.061 votos que Fernando Haddad (PT) obteve em Sergipe. Desta vez, com a candidatura de Rogério Carvalho (PT), Mitidieri não poderá contar com essa base para se recuperar, ao estar aparecendo atrás de Rogério em parte das pesquisas de intenção de voto, mesmo que com números discretos.
Naquela eleição, assim como o atual candidato pessedista ao governo está fazendo com Belivaldo, Chagas também buscou não ligar o seu nome a Jackson Barreto (MDB), à época postulante ao Senado, o que influenciou diretamente na derrota do emedebista. Mas embora Jackson fosse acostumado com esse tipo de situação na política, o mesmo não ocorre com Belivaldo, que pode não ficar confortável com um possível isolamento durante a campanha, algo que pode causar complicações em relação ao seu empenho mais assíduo na campanha de Mitidieri.
Para dificultar ainda mais o cenário que Mitidieri se encontra, pesquisas de intenção de voto publicadas recentemente comprovam que grande parcela do eleitorado não nacionalizou as eleições e pretende acompanhar Valmir no estado e Lula nacionalmente, fato reforçado quando se avalia que Francisquinho também é o candidato dos conservadores em Sergipe. Esse fenômeno se dá em função do ex-prefeito trazer consigo a imagem de bom gestor, gerador de emprego e renda, comerciante e ao mesmo tempo de um político populista, além da população ter enraizado um desejo de alternância de poder.