Pela primeira vez desde que deixou o governo após cinco meses da derrota contra Lula (PT), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu a possibilidade de ser impedido de disputar as próximas eleições. A declaração foi feita durante evento com empresários brasileiros na Flórida, nos Estados Unidos, nesta terça-feira, 14.
“Infelizmente em alguns casos no Brasil você não precisa ter culpa para ser condenado. Então existe essa possibilidade de inelegibilidade, sim”, disse, se referindo ao processo que tramita contra ele no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A inelegibilidade é uma hipótese que vem sendo discutida nos bastidores do Poder Judiciário desde meados de 2021. Na época, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Justiça Eleitoral já avaliavam julgar ações que pediam a condenação de Bolsonaro por crime de abuso de poder nas eleições de 2018.
A hipótese, no campo político, tem provocado uma curiosa inversão de expectativas. Há bolsonaristas torcendo para que a inelegibilidade de Bolsonaro de fato aconteça e há petistas preocupados com o cenário que pode surgir a partir da decisão.
Inclusive, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, os filhos do ex-presidente e até o general Walter Braga Netto, já tratam sobre o assunto abertamente. A avaliação é que, sem poder se candidatar, Bolsonaro se consolidaria como grande cabo eleitoral já na disputa municipal do ano que vem, com mais liberdade para viajar pelo país e mobilizar apoiadores.
Já para os adversários do ex-presidente, o desejo é que ele continue elegível, pois com a rejeição que acumulou, a reeleição de Lula será mais fácil nesse cenário.
