Quase todas as rupturas democráticas na história começaram da mesma forma: com ataques à liberdade de expressão. Mas isso não é algo “recente”, como é naturalmente lembrado frisando os governos fascistas, como de Mussolini e Hitler. No Império Romano, por exemplo, quando foi criado o jornal há mais de dois mil anos, qualquer tipo de oposição era duramente reprimida e qualquer indivíduo ou grupo que questionasse as ações do governo autocrático era prontamente atacado, preso ou executado.
Nesse período, enquanto protegiam os poetas e escritores de côrte, verdadeiros espíritos vendidos, de outro lado os imperadores procuravam sufocar as vozes divergentes e abafar a livre expressão do pensamento. Eles só enxergavam na oposição um adversário perigoso, um implacável acusador. Daí a necessidade de calar qualquer sintoma de inconformismo, ao invés de ver nele um meio de corrigir eventuais falhas, como um elemento crítico construtivo.
Esta oposição, muitas vêzes fraca e tímida, tinha por objetivo lutar contra a tirania, os excessos do poder e os costumes corruptos da côrte romana. Ela não queria que o povo romano fôsse vítima dos abusos e da prepotência dos imperadores. Buscava, em suma, aquilo que todos deveriam sempre buscar: o equilíbrio entre a autoridade e a liberdade, entre a ordem e o livre arbítrio, entre o direito do cidadão e a razão de Estado.
Relembrar esse período é imprescindível para destacar que as práticas de propaganda e manipulação de informações não eram exclusivas do Império Romano. Elas são usadas até hoje por governos e organizações para influenciar a opinião pública. Apesar de terem mudado a forma, continuam com a mesma estratégia de desinformação e, em casos extremos, recorrem às coações, ameaças e até prisões, como aconteceu em casos públicos e outros que serão expostos posteriormente.
Já na imprensa, recentes casos no país expõem as mesmas táticas, como aconteceu com o site jornalístico The Intercept Brasil, por exemplo, na última semana. O veículo denunciou uma armação perpetrada pela Record e a Jovem Pan no Paraná, conhecidas por fazerem parte da mídia lavajatista, para associar falsamente o site com o plano da facção criminosa PCC para sequestrar o ex-juiz e senador Sergio Moro (União Brasil).
A hipótese, conforme o Intercept, é de que a medida teria sido tomada pelos aliados de Moro contra o veículo numa tentativa de manchar sua reputação. “No episódio Moro – PCC, vimos um endosso quase unânime da imprensa às mentiras ditas pelo ex-juiz para faturar politicamente com o caso”, disse o colunista do site, João Filho, nesta segunda-feira, 3.
Cenário bem semelhante ao que vem acontecendo em Sergipe, onde pequenos portais, que buscam ganhar espaço no competitivo mercado, são acusados de serem comprados, quando “pisam no pé” das autoridades políticas.
A própria Realce, um dos principais veículos do estado, não escapou de tais artimanhas. E, nos próximos dias trará detalhes das perseguições sofridas, inclusive, contra o fundador do veículo.