O debate sobre a criação de uma CPI mista para investigar as invasões ocorridas em 8 de janeiro predominou ontem, 19, no Congresso Nacional. Enquanto alguns tentam segurar as votações, outros cobram que a comissão seja instaurada o mais rápido possível, gerando grandes discussões entre os parlamentares com ideias e ideologias divergentes.
O deputado federal Rodrigo Valadares (UB), por exemplo, como um dos maiores símbolos do bolsonarismo na Câmara, frisou que Rodrigo Pacheco adiou a proposta, mais uma vez, em uma suposta manobra do governo para conseguir retirar as assinaturas para a instalação da CPMI.
“A CPMI prometeu e não cumpriu, infelizmente. Hoje, inexplicavelmente, o presidente do Congresso Nacional fez uma manobra e mais uma vez adiou a sessão que instauraria a CPMI dos atos do dia 8 de janeiro. Entendemos que é uma manobra do governo para conseguir retirar as assinaturas”, disse.
Apesar disso, Rodrigo frisa: “A cada assinatura que cai fora, nós conseguimos pelo menos duas ou três a mais. Temos assinaturas de sobra para a instalação da CPMI e eu tenho certeza que ela será instaurada. Vamos continuar a pressão nas redes sociais, para que, no dia 26, a sessão seja instalada e a CPMI seja instaurada. Vamos à luta”.
Já o senador Rogério Carvalho, conhecido por ser um dos fiéis escudeiros do presidente Lula (PT) e um dos nomes mais fortes da esquerda no país, defendeu que não há necessidade de se instaurar uma CPMI para investigar os crimes, uma vez que eles já foram cometidos.
“As comissões parlamentares de inquérito (CPMI), de uma maneira geral, fazem um trabalho preliminar de apontar indícios, para encaminhar ao Ministério Público, para que o MP possa fazer a investigação. O 8 de janeiro não é uma questão de indícios, foi factual. Esse passo já foi dado. Não estamos falando mais de indícios, de levantar informações. O MP já encaminhou mais de 500 denúncias, assim como a Polícia Federal, também”, pontuou Rogério.
O posicionamento do petista foi feito antes do Palácio do Planalto e a cúpula do PT mudarem de estratégia: deixarão de pressionar pela retirada de assinaturas e vão aceitar a CPMI. A mudança foi feita após o escândalo envolvendo o general Gonçalves Dias, agora ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que aumentou a pressão da oposição pela abertura da Comissão.
A decisão foi tomada para contrapor o discurso oposicionista de que infiltrados de esquerda teriam sido responsáveis pela quebradeira na Praça dos Três Poderes. O objetivo da base aliada será responsabilizar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelos atos e buscar conexões com seu grupo político.