Disputas regionais têm prejudicado a construção de uma base sólida para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Assim como vem acontecendo em Sergipe, onde a militância petista não achou de bom tom ter entregado a Codevasf para o grupo político de um dos maiores carrascos do partido, André Moura (UB), rixas entre integrantes do primeiro escalão do Planalto e líderes do Congresso, são mais um obstáculo para a articulação política do chefe do Executivo, que busca manter a governabilidade com o Legislativo. Porém, o mandatário, apesar das divergências, tem conseguido atenuar a situação.
Os jornais O Globo, Folha de SP e Estadão citam como o caso mais complexo a rixa entre o líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), e o ministro da Casa Civil, Rui Costa. No embate mais recente, o parlamentar disse que o rival era responsável por represar o pagamento de emendas, atrapalhando a relação com o Congresso. Na ocasião, o petista reagiu e disse que não interfere no fluxo de repasses.
Além disso, vale lembrar que no caso de Elmar, embora tenha feito campanha a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e se referido a Lula como “ladrão, corrupto e chefe de quadrilha”, o parlamentar chegou a ser cotado para assumir o Ministério de Integração Nacional no fim do ano passado, por comandar a terceira maior bancada da Câmara, com 59 deputados. Mas a pressão do PT da Bahia fez com que Lula recuasse.
Ainda assim, Nascimento manteve sua influência, com seus indicados permanecendo na presidência da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e de duas superintendências da estatal na Bahia.
Outro embate local acontece no Maranhão, onde o senador Weverton Rocha (PDT) rompeu com o ministro da Justiça, Flávio Dino. Os grupos disputaram cargos federais no estado, e Weverton foi contemplado com o mais cobiçado deles, a superintendência regional da Codevasf.
Situações bastante similares ao que tem gerado descontentamento na militância petista em Sergipe, que critica a entrega do comando da Codevasf ao grupo de André que, assim como Nascimento, nunca escondeu sua repulsa pelo PT, tendo sido, inclusive, uma das forças voraz para a decadência do partido. Enquanto que Rogério Carvalho, senador do PT e importante liderança no Congresso, que tem desconstruído Bolsonaro em comissões, perdeu espaço em um órgão estratégico, como a Companhia, na disputa contra AM.