Sergipe tem presenciado uma crise na saúde, com uma série de problemas que afetam diretamente o atendimento à população e a qualidade dos serviços de saúde no estado. O sucateamento do IPES, o beneficiamento de setores privados e o descumprimento do piso salarial da enfermagem são questões cruciais que exacerbam essa instabilidade.
No que diz respeito ao Ipesaúde, o instituto passou por uma polêmica reestruturação que teve um impacto direto nos servidores públicos que dependem de seus serviços.
Uma das principais queixas dos servidores está relacionada ao aumento das contribuições, que subiram de 4% para 6%, enquanto a cobertura para consultas e exames foi reduzida. Além disso, foi estabelecido um limite de apenas 12 consultas médicas por ano, incluindo gestantes, com a possibilidade de custos adicionais de 20% do valor do procedimento caso esse limite seja ultrapassado.
Paralelamente a essas mudanças, surgiu a preocupação com um suposto favorecimento do setor privado. O aumento de 50% na arrecadação do Ipesaúde, que desagradou a maioria esmagadora de seus usuários, levou muitos servidores públicos de Sergipe a buscar alternativas em planos privados de saúde.
A mudança, que foi proposta pelo governador Fábio Mitidieri (PSD) e aprovada em junho, levantou questionamentos sobre um possível favorecimento do setor privado, devido a suas ligações com planos particulares. A mudança abriu espaço para uma maior publicidade destes, que veem a saída repentina dos servidores como uma oportunidade para atrair mais clientes.
Outra polêmica recente envolvendo a saúde em Sergipe gira em torno do descumprimento do piso salarial da enfermagem. A situação já era delicada, uma vez que o pagamento era destinado apenas a servidores com carga horária de 44 horas semanais, uma minoria no estado.
No entanto, uma denúncia recente trouxe à tona suspeitas sobre a alocação irregular de recursos destinados ao piso da enfermagem. Segundo uma profissional da área que preferiu não se identificar, o sistema teria sido alimentado com informações de funcionários com até sete vínculos empregatícios, muitos dos quais nunca exerceram efetivamente as funções listadas.
E, nesta semana, mostrando o quão preocupante está a situação da saúde em Sergipe, a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes foi interditada devido a fiscalizações do Conselho Regional de Medicina, após denúncias dos profissionais sobre problemas na escala médica e sobrecarga de trabalho.