Uma onda de repúdio tomou conta da classe política sergipana em resposta a uma matéria publicada ontem, 5, na véspera do Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres.
Sob o título “EXCLUSIVA: Tem bebê a bordo numa secretária de pasta estratégica do governo de Fábio Mitidieri”, o texto foi duramente criticado por ser considerado machista, misógino e preconceituoso contra a secretária de Fazenda, Sarah Tarsila.
A secretária de políticas para mulheres, Danielle Garcia (Podemos), foi uma das lideranças que repudiou o texto. “A matéria expõe uma mulher num dos momentos mais importantes da sua vida, questiona sua capacidade técnica e ainda põe a gravidez como um “problema” para o Estado e para o local de trabalho da mulher. Num momento de mudança de paradigmas, definitivamente, não é isso que precisamos! Venho aqui repudiar este texto e me solidarizar com a colega secretária ofendida”, disse.
O deputado estadual Paulo Junior (PV) destacou a gravidade da situação: “Essa violência, carregada de machismo, descredibiliza não só a atividade jornalística, mas a luta permanente das mulheres por espaços na sociedade.”
O senador Rogério Carvalho (PT) ressaltou a necessidade de combater o machismo: “O respeito à autonomia feminina contribui para um mundo igualitário e inclusivo. Tentar colocar em cheque a competência profissional de uma mulher, tendo como justificativa seu período gestacional, é algo intolerável e repugnante. E isso independe de lados políticos.”
A deputada federal Katarina Feitoza (PSD) também repudiou a situação e se solidarizou com a secretária. “Assim como Sarah, milhares de mulheres têm sua competência e capacidade questionadas ao engravidar, e é por isso que precisamos continuar combatendo esse preconceito e lutando por uma sociedade realmente justa para todos!”, disse.
A deputada estadual Carminha Paiva (Republicanos) afirmou que falas machistas como essa expressam o quanto ainda é preciso evoluir enquanto sociedade. “Estamos em 2023 e o nosso desempenho como profissional ainda é questionado. Essa é uma dor que atinge milhares de mulheres que vivem a insegurança trabalhista ao engravidar ou são demitidas ao voltarem da licença maternidade. Um secretário homem que precise se ausentar da pasta por qualquer outra razão não seria questionado dessa forma”, enfatizou.
A primeira-dama e secretária de assistência social, Érica Mitidieri, também se posicionou: “Num contexto em que as mulheres cada vez mais lutam para avançar em suas carreiras, apesar do cenário de desigualdade enfrentado diariamente, uma mulher ter questionada sua capacidade de seguir à frente da função que ocupa por conta da maternidade é uma violência”.
Nas redes sociais, jornalistas se uniram ao repúdio, caracterizando o texto como ato de misoginia e criticando veementemente o autor da matéria, que é radialista, conforme esclareceu o Sindijor.
O 6 de dezembro marca o Dia Nacional de Mobilização dos homens pelo fim da violência contra as mulheres, data instituída no Brasil por meio da Lei nº 11.489/2007, com o objetivo de conscientizar, envolver e mobilizar os homens para colaborarem com o fim da discriminação e da violência contra as mulheres.