Reconhecido como um dos principais articuladores políticos em Sergipe, o ex-deputado federal André Moura (UB) encerrou 2022 em alta, com lideranças atribuindo para ele nos bastidores o sucesso de Fábio Mitidieri (PSD), de terceiro para primeiro colocado, na corrida pelo Governo do Estado, além de ter assegurado a eleição da filha, Yandra Moura (UB), como a primeira deputada federal eleita no estado, destacando-se como a mais votada entre todos os concorrentes. Com esse sabor de triunfo, iniciou 2023 no campo de ataque, dando o pontapé inicial nas movimentações governistas para as eleições de 2024.
Em maio, na briga com o PT, o presidente estadual do União Brasil saiu vitorioso para ter o comando em Sergipe da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Seu principal aliado nesse feito, segundo fontes de Brasília-DF, foi curiosamente o ministro Márcio Macedo. E, apesar da Realce destacar que há uma fonte de Brasília sobre a referida informação, o caso não é novidade para ninguém, principalmente para a militância da sigla.
Moura conseguiu a nomeação de Thomas Jeferson França Costa para comandar a instituição em Sergipe. A disputa pela indicação do novo superintendente regional da Companhia vinha sendo travada por várias correntes políticas, inclusive por integrantes do PT, partido do presidente Lula, já que André, enquanto líder do governo de Michel Temer, foi um dos maiores, se não maior carrascos da sigla petista, quando Dilma Rousseff sofreu o impeachment, culminando na ruína do partido que só conseguiu se reerguer nacionalmente em 2022.
Em agosto, o Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou o acordo de não persecução penal proposto pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para o ex-deputado federal em dois dos três processos em que é réu por peculato e desvio de recursos públicos.
Com essa decisão favorável, especula-se a possibilidade de André concorrer novamente ao Senado em 2026, ou, até mesmo, ao Governo Estadual, caso obtivesse êxito no projeto Yandra em Aracaju. Contudo, o ex-parlamentar enfrenta o desafio da significativa deficiência eleitoral na capital, fator que influenciou sua derrota na mesma disputa em 2018, onde ficou em 7º lugar na cidade.
Considerando esse cenário, AM ampliou suas articulações e estratégias, concentrando esforços, sobretudo na Grande Aracaju, ao apresentar sua filha como pré-candidata à prefeitura da capital para as eleições de 2024. Anteriormente, o nome de Yandra também foi considerado para uma possível candidatura em Nossa Senhora do Socorro.
Com o bom desempenho de Yandra em seu primeiro ano de mandato na Câmara, evidenciando grande habilidade política, a expectativa era de que ela ganhasse destaque nas pesquisas na capital, fortalecendo assim o projeto político de seu pai. Entretanto, as expectativas foram frustradas, uma vez que seu nome recebeu pouco apoio popular em Aracaju pela óbvia associação a André.
Na reta final, André expôs a situação e cometeu um grave erro de estratégia. Como já abordado exclusivamente pela revista, o desempenho de Yandra aquém do esperado nas pesquisas levou André a tornar público um convite que, até então, havia sido mantido em privado desde o início do ano: convidou Emília Corrêa (PRD) para disputar as eleições com seu apoio, durante uma reunião na Câmara de Vereadores, convite esse confirmado pela parlamentar. Essa revelação trouxe à tona a verdadeira dinâmica, na qual, apesar do mandato atuante da jovem talentosa deputada, ela não conquistou destaque nas pesquisas, gerando incerteza entre seus potenciais apoiadores.
Desde então, observou-se um afastamento de diversas lideranças, principalmente parlamentares da Câmara de Aracaju, que antes consideravam o projeto de André Moura. Além do claro cenário de crescimento limitado previamente abordado, há uma sensação de insegurança entre essas figuras, receosas de serem eventualmente utilizadas como instrumento nas estratégias de André.
Após as investidas do político profissional não dar certo, Moura corre contra o tempo para gerir a crise que ele próprio criou, vendendo a mensagem que Yandra está em segundo lugar nas pesquisas, estratégia vista como frágil nos bastidores do poder. O projeto de André se fortalecer eleitoralmente em Aracaju, no momento, está longe de ter sucesso. No entanto, mesmo com tanta fragilidade na capital do ex-líder de Michel Temer, não dá para duvidar do seu profissionalismo político, que envolve grande capacidade de manipulação, operações financeiras astronômicas e um ilusionismo diante do baixo escalão da classe política que chega a assustar. É aguardar para ver.