A denúncia do deputado federal Gustinho Ribeiro (Republicanos) sobre um áudio falso que teria sido manipulado por Inteligência Artificial (IA) ganhou destaque nas manchetes do jornal O Globo. O veículo destaca o caso como um exemplo da atual temporada de fake news eleitorais, ressaltando a complexidade dessa modalidade de conteúdo, cada vez mais difícil de ser identificada.
A técnica de adulteração de sons e vídeos, conhecida como “deepfake”, recria artificialmente tom, timbre e até o modo de falar de alguém. Ao receber uma gravação via WhatsApp, o eleitor pode reconhecer a voz do candidato, acreditando erroneamente que o político proferiu algo que não disse.
No áudio em questão, a voz atribuída a Gustinho utiliza palavrões ao mencionar adversários políticos. “Pode arrochar, bote pra f…, eles lá não têm poder nenhum, quem está no poder somos nós”, diz um trecho.
O deputado denunciou o caso à polícia, destacando que criminosos montaram um vídeo com sua imagem e um áudio falso gerado por inteligência artificial.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, enfatizou a urgência na regulamentação do uso de inteligência artificial no país. Ele indicou que políticos flagrados utilizando a tecnologia de maneira irregular podem enfrentar a cassação. O órgão agendou uma audiência pública para o próximo dia 25, visando discutir uma resolução que regulamente o tratamento desse tema nas campanhas eleitorais.
O Congresso e o governo também estão mobilizados nessa questão. O Ministério da Justiça, desde o ano passado, analisa internamente uma regulamentação sobre o tema, enquanto na Câmara, o presidente Arthur Lira (PP-AL) planeja colocar em votação projetos relacionados após o recesso, destacando que a regulamentação do uso dessa tecnologia é responsabilidade do Congresso Nacional. Ele não vê como positivo o TSE editar regras sobre o assunto.