Em pouco mais de um ano de governo, a gestão de Fábio Mitidieri (PSD) já é considerada por especialistas como a maior administração privatista da história de Sergipe, com o estado sendo entregue aos poucos ao setor privado em um verdadeiro balcão de negócios, enquanto os servidores públicos, a população e serviços essenciais são sucateados.
Antes de ser eleito, saindo de terceiro para primeiro lugar, em uma eleição marcada pelo abuso de poderes político e econômico, as propostas de Mitidieri foram centralizadas em cinco desafios: Erradicar a pobreza extrema e a fome em Sergipe; Acelerar o Desenvolvimento Econômico e gerar emprego e renda para as pessoas; Assegurar o avanço das Políticas Públicas e a garantia dos direitos fundamentais; Assegurar o protagonismo e envolvimento das pessoas; e, Assegurar a eficácia, eficiência e efetividade da gestão estadual e a valorização dos servidores.
Após a posse, o governador manteve o discurso com as prioridades estabelecidas. Porém, na geração de emprego, por exemplo, ele ainda não cumpriu e nem deu nenhum vislumbre de que esse problema será resolvido durante sua gestão. No estado, mais de 130 mil sergipanos encontram-se, neste momento, desempregados e quase meio milhão de trabalhadores estão subutilizados, conforme dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
E na educação a categoria segue na bronca. Fábio deu o pior reajuste ao magistério, com 2,5%; fez PSS para, praticamente, todas as áreas da pasta; reduziu em 36% os investimentos para merenda; entre tantos outros pontos negativos.
Na saúde, ele ainda não se pronunciou sobre a recuperação dos hospitais regionais e sobre o Hospital do Câncer de Sergipe, que as obras não saem do papel há 12 anos. Além disso, segue sem dar o piso integral da enfermagem para a categoria no estado.
Na economia, Fábio não apresentou propostas de melhorias para a Deso, apenas fala em PPP ou concessão ao setor privado. Ele também mascarou um aumento do ICMS, através da manobra de subir a alíquota para 22% e depois reduzir para 19%.
Esses são apenas alguns dos diversos pontos que estão sem ações concretas para melhorias, por parte da gestão do pessedista que, ao contrário do que prometeu, anda em passos lentos para ter um bom mandato. Enquanto isso, ele investe em campanhas publicitárias que pintam sua gestão com tintas de sucesso, com grandes festas e eventos, como o Verão Sergipe e o Arraiá do Povo, por exemplo. Elas, claro, são importantes, mas existem tantas outras prioridades que, com os recursos investidos, poderiam estar sendo sanadas.
Essa estratégia parece ser uma tentativa de desviar a atenção dos problemas persistentes no estado, que não se resumem apenas aos pontos citados acima, como também em outras áreas essenciais, criando uma narrativa de que tudo está bem e sob controle, apesar das evidências em contrário.
Da mesma forma acontece em Aracaju, em que, à medida que o mandato do prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) se aproxima do fim, uma pergunta persiste: foi cumprido o dever para o qual foi eleito e reeleito? Em meio a uma profusão de eventos festivos, campanhas publicitárias e anúncios grandiosos, a sensação entre os aracajuanos é a de que a administração municipal também se concentrou mais na superficialidade do espetáculo do que nas ações concretas que impactam a vida dos cidadãos.
Nesse contexto, destaca-se a preocupante falta de planejamento urbano em Aracaju, especialmente no que diz respeito à mobilidade urbana e à ausência de um sistema de transporte público licitado. A instalação do Consórcio do Transporte Público em 2023, ao lado de outros gestores da Grande Aracaju, representou um passo significativo, finalmente delineando o formato do sistema de transporte coletivo na região metropolitana. No entanto, é crucial ressaltar que as discussões para sua implementação iniciaram em 2018, evidenciando um longo período de inércia e atraso na execução de medidas essenciais para a melhoria neste setor na cidade.
O gestor municipal fez repetidas promessas de apresentar o edital para a licitação do transporte público, comprometendo-se a fazê-lo até o mês de março deste ano. No entanto, essa mesma promessa já foi feita em diversas ocasiões, especialmente durante suas campanhas eleitorais anteriores. O não cumprimento ao longo do tempo tem minado a confiança da população, que gradualmente perde a esperança de que essa mudança tão necessária e esperada de fato aconteça ainda em sua gestão.