Por Fernanda Souto
Para as eleições de 2024, os bastidores políticos em Aracaju fervem com movimentações e especulações. Contudo, em meio a essa efervescência de informações e articulações, uma coisa é fato: este é o ano em que as mulheres estão decididas a conquistar seu espaço no cenário político estadual. Embora já tenham protagonizado disputas em momentos anteriores, nunca antes na história da capital houve um clamor tão evidente e intenso por lideranças femininas como o que presenciamos agora.
Com essa tendência, as mulheres não são mais apenas coadjuvantes em espaços de poder, mas líderes capazes de competir e vencer com base em seus méritos, já que o eleitor deseja lideranças femininas na política, mas com um critério inegociável de preparação e grupo com vontade e capacidade de promover políticas públicas que melhorem a vida da população.
Em Aracaju, a corrida eleitoral para a prefeitura está repleta de nomes de destaque. Candisse Carvalho (PT) e Emília Corrêa (PRD) se destacam como os principais obstáculos do sistemão. A segunda virou sensação dos conservadores com uma trajetória ligada aos ideais bolsonaristas e poderá ser a candidata do partido do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL). Enquanto isso, a jornalista tem conquistado espaço e surpreendido a todos com sua desenvoltura, consolidando-se como uma das pré-candidatas que mais tem crescido nos últimos meses e podendo representar a esquerda em um provável segundo turno.
Aliada fiel do senador Alessandro Viera (MDB), Danielle Garcia (MDB) surge como uma forte concorrente do grupo comandando por Fábio Mitidieri (PSD) para disputar o eleitor de Corrêa, podendo, no entanto, ser indicada como vice em um acordão do sistema; Katarina Feitoza (PSD) também figura como uma opção competitiva. Yandra Moura (UB), com sua base profissional da política, busca emplacar nas pesquisas e reverter a deficiência eleitoral na capital de seu pai, André Moura (UB), que sonha em adquirir seu espaço no Senado Federal em 2026. Por outro lado, Niully Campos (PSOL) destaca-se como a primeira pré-candidata feminina definida, enquanto a atuante Linda Brasil (PSOL) articula com a direção nacional do partido para ser escolhida, buscando repetir seus feitos históricos que marcaram a história de Sergipe.
Esse cenário gera uma expectativa palpável de que a capital sergipana esteja prestes a eleger sua primeira prefeita mulher, um marco que não apenas escreveria um magnífico capítulo crucial na história política da cidade, mas também serviria de inspiração para futuras gerações de mulheres a trilharem esse mesmo caminho.
Anteriormente, as mulheres bateram na trave, enquanto os homens continuavam a predominar, refletindo uma tendência estrutural de privilégio masculino. Até recentemente, Sergipe foi representado no Congresso Nacional por apenas uma mulher durante 20 anos, com Maria do Carmo Alves (PP), que conquistou o feito de ser a primeira no Senado a se eleger por três mandatos consecutivos – em 1998 (325.703 votos), 2006 (468.546 votos) e 2014 (448.102 votos).
Tânia Soares, que assumiu como titular na Câmara Federal entre 2001 e 2002 após sair da suplência da chapa, também esteve próxima de alcançar esse feito. No entanto, nas eleições, os oito representantes escolhidos pelos sergipanos para a Casa sempre foram homens. Somente em 2022, os eleitores abriram espaço para que mais mulheres pudessem ocupar tais espaços, destacando-se Katarina Feiroza (PSD) e Yandra de André, como entitulada na época pelo próprio marketing oficial.
Em 2020, Daniele também demonstrou uma força expressiva ao representar uma grande ameaça para a reeleição de Edvaldo Nogueira (PDT) à prefeitura, onde foi incisivamente dura contra o gestor em sua campanha oficial. Na ocasião, concorrendo como oposição, a delegada obteve 55.973 votos.
Esses resultados evidenciam o engajamento dos eleitores da capital em apoiar candidaturas femininas em diferentes cargos e vieses ideológicos, o que pode ocasionar, finalmente, na eleição de uma mulher como prefeita da cidade.