A Secretaria de Segurança Pública (SSP) está investigando casos de pessoas que foram perfuradas por seringas durante o Arraiá do Povo, na Orla de Atalaia, nos últimos dias. A situação ganhou visibilidade após uma jovem, Ana Carolina Hora, denunciar que foi vítima dessa prática enquanto curtia o show.
Em seu relato, ela afirma que foi perfurada por uma seringa e, após o incidente, buscou atendimento no evento. A jovem foi encaminhada a uma Unidade de Saúde para a Profilaxia Pós-Exposição (PEP)— medida preventiva de urgência contra infecções pelo HIV, hepatites virais e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST), envolvendo o uso de medicamentos para reduzir o risco de contágio.
Além do caso de Ana Carolina, nas redes sociais também surgiram relatos de um segundo incidente. Outro cidadão afirmou ter sido atingido por uma seringa no ombro enquanto se preparava para deixar o local. Ele recebeu atendimento no Hospital Nestor Piva.
Em resposta aos incidentes, Almir Santana, responsável técnico do Programa Estadual IST/AIDS, esclareceu que a possibilidade de contrair HIV dessa maneira é praticamente nula, pois o vírus não sobrevive fora do corpo. Santana destacou que a prática de atacar pessoas com seringas não está relacionada ao HIV, mas sim a atos maliciosos de indivíduos irresponsáveis. “A gente sabe que o pânico existe, a pessoa fica preocupada”, disse.
O que fazer em casos de ferimentos com materiais perfurocortantes?
Segundo o médico infectologista da Universidade de Pernambuco (UPE), Filipe Prohaska, o primeiro procedimento é buscar ajuda imediata em uma unidade de saúde especializada. É crucial receber cuidados adequados para avaliar a necessidade de realizar a Profilaxia Pós-Exposição.
A PEP deve ser utilizada após qualquer situação de risco, como:
– Violência sexual;
– Relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou com rompimento da camisinha);
– Acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico).
O maior risco de transmissão em casos de ferimentos com materiais perfurocortantes é a hepatite B, que pode causar inflamação e comprometer o funcionamento do fígado.“O vírus do HIV, que é o maior medo das pessoas, não vive muito tempo fora do organismo. A transmissão depende de alguns fatores, como o contaminador ter uma carga de vírus muito alta e a penetração da agulha ter sido grande. As chances de contágio são baixas, mas existem”, explicou Felipe, acrescentando que a probabilidade de transmissão do HIV por picadas de agulhas infectadas é de apenas 0,3%.
À Realce, a SSP informou que a delegada encarregada das investigações dará uma entrevista hoje, 11, para fornecer mais detalhes sobre os casos. A revista trará atualizações e mais informações amanhã, 12.