Alessandro Vieira
Eleito senador por Sergipe em 2018 com 474.449 votos, Alessandro Vieira (MDB) é um dos nomes governistas que criticam veementemente a pré-candidatura de Yandra Moura (UB) à prefeitura de Aracaju, preocupado com o potencial controle de André Moura sobre os cofres públicos da capital. Em uma entrevista exclusiva à Realce, o parlamentar abordou não apenas essa questão, mas também fez uma avaliação de seu mandato no Senado, discutiu sobre o governo Lula e comentou a recente polêmica envolvendo sua gestão no PSDB.
“Eu nunca fiz parceria ou acordo político com André Moura, e não existe a menor possibilidade disso vir a acontecer”, afirmou o parlamentar à revista.
Confira entrevista completa na íntegra:
Realce: Como você avalia a atual legislatura do Senado e sua atuação na Casa?*
AV: A avaliação do mandato é bastante positiva. A atividade política, para quem é honesto, é muito desgastante. Você abre mão da sua vida pessoal, abre mão do tempo com a família, mas em contrapartida, me parece justa e importante no sentido de que conseguimos transferir para as pessoas a solução real dos problemas. Agora em 2024 estamos completando quase 500 milhões de reais em emendas trazidas para Sergipe. Isto é, meio bilhão de reais em emendas, que chegam de forma transparente, o sergipano acompanha 100%, e uma grande parte delas tem seu destino escolhido diretamente pela população, através do nosso edital público de emendas participativas. É uma forma diferente de fazer política. Esses recursos chegaram para os 75 municípios sergipanos. Assim, consigo representar muito bem uma parte daquelas 3 funções que tem um parlamentar: de trazer recurso para seu estado; a função de legislar, onde temos atuado muito em relatórios, emendas e proposições nas mais diversas áreas, como segurança pública, proteção da mulher, redução de desigualdades, economia e tributação, o novo ensino médio que acabou de ser aprovado no Senado; e a terceira função, de fiscalização, onde nossa atuação tem sido forte, e já passamos da marca de oito bilhões reais devolvidos aos cofres públicos a partir de ações de fiscalização nossas. Tenho muito orgulho desse trabalho, mas reconheço que a avaliação final quem faz é o eleitor sergipano, com quem estamos em constante diálogo.
Realce: Qual é a sua opinião sobre a condução do terceiro mandato de Lula como presidente e sua relação com o Congresso?*
AV: O governo federal vem destinando recursos significativos para Sergipe, mas nosso papel como parlamentar é garantir a liberação desses valores e cobrar ainda mais apoio. Somos gratos, é da natureza do sergipano agradecer os benefícios, mas é preciso apontar a urgência na conclusão da duplicação da BR 101 e o início das obras do Canal de Xingó, por exemplo.
Realce: O senador planeja buscar a reeleição ao Senado em 2026 ou está considerando uma candidatura para a Câmara Federal, como vem sendo especulado em Sergipe?*
AV: A construção política é de busca pela reeleição no Senado, nunca existiu nenhuma cogitação de candidatura a deputado federal. O MDB vai trabalhar por uma vaga no Senado, duas na Câmara Federal e quatro na Assembleia. Essa é a meta do partido.
Realce: Como você avalia a busca incessante de André Moura para comandar Sergipe? E qual sua avaliação sobre a pré-candidatura de Yandra?*
AV: Eu faço política de uma forma absolutamente diferente da praticada pelo ex-deputado. E sempre sou atacado por expor essa verdade, que muitas vezes é ocultada pela força do dinheiro. André Moura é um cidadão que foi condenado por corrupção pelo STF, ele inclusive confessou os crimes que cometeu. Com a proximidade das eleições, eu tenho a obrigação de explicar para o eleitor de Aracaju que votar na deputada Yandra significa colocar André Moura politicamente no comando da prefeitura da capital dos sergipanos. Eu deixo claro que não tenho nenhum problema com ela, mas eu tenho a obrigação de falar a verdade para o cidadão. Aracaju é uma cidade importante, que tem hoje um caixa bem organizado, e que precisa de uma mudança de gestão, para avançar em áreas problemáticas, como saúde, transporte público e infraestrutura.
Realce: Se eventualmente ela for o nome governista no segundo turno, você vê possibilidade de aliança política com André Moura ou apoiaria a oposição?*
AV: Eu nunca fiz parceria ou acordo político com André Moura, e não existe a menor possibilidade disso vir a acontecer.
Realce: Sobre a polêmica envolvendo o PSDB, qual seu posicionamento em relação às declarações feitas ao seu respeito por Paulo Márcio?*
AV: A verdade é muito simples. Esse é um caso de desinformação, uma estratégia clara de tentar criar um ataque à imagem de um político que tem vida honesta. O PSDB esteve na minha gestão até o início de junho do ano de 2023, a gestão continuou com o grupo político do deputado Tiago de Joaldo, o presidente passou a ser Danilo de Joaldo. Depois, Danilo é sucedido pelo ex-senador Eduardo Amorim. A prestação de contas da minha campanha em 2022 foi aprovada pelo TRE. O prazo para prestação de contas do partido, para entrega de documentos, só acabou depois que eu saí. Tenho absoluta certeza de que não teve má-fé de nenhum deles. Mas, na desorganização da mudança de direção, esses documentos não são apresentados. Os documentos já foram apresentados pela atual direção, a atual direção já entrou com recurso e eu, individualmente, também já entrei, para que sejam analisados os documentos. Porque, conforme diz a própria gestão atual do PSDB, não existe nenhuma irregularidade, é só uma questão burocrática, as contas não foram reprovadas, as contas foram declaradas “não prestadas”; isso vai se resolver simplesmente. Então, se utilizaram dessa situação para distorcer os fatos e no desespero fazer um ataque contra a minha imagem e, através disso, atacar a imagem da pré-candidata do MDB, que é a delegada Danielle, porque ela pontua muito bem nas pesquisas. Isso está claro. Existe uma maquinação criminosa, com o objetivo, principalmente, eleitoral, por isso já estou tomando providências na Justiça.