Assim como o baiano João Bacelar (PL), o deputado federal Tarcísio Motta (PSOL), do Rio de Janeiro, também ex-membro da CPI das Americanas, alegou que os bilionários envolvidos na maior fraude da história do mercado financeiro brasileiro foram protegidos durante as investigações da comissão, presidida pelo sergipano Gustinho Ribeiro (Republicanos).
O tema voltou a ganhar destaque na última semana após a operação da Polícia Federal que resultou na emissão de mandados de prisão para o ex-CEO da empresa, Miguel Gutierrez, e a ex-diretora, Anna Saicali. Ambos são acusados de orquestrarem uma fraude de R$ 25 bilhões, que causou prejuízos significativos a acionistas minoritários, credores e funcionários.
“Esse é um caso efetivo em que os bilionários terminam blindados por ‘N’ motivos”, lamentou o carioca, ao citar também Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles. “A maioria da CPI trabalhou para blindar os três acionistas de referência, mesmo com indícios fortíssimos, sobretudo quanto a Sicupira, que acompanhava a questão das Lojas Americanas mais de perto”, acrescentou.
O deputado relatou que a maioria dos membros da comissão alegava que convocar os acionistas majoritários poderia causar constrangimento e abalar o mercado. Entre esses membros estava o próprio Gustinho, conforme também afirmado por João Bacelar. “Não deu tempo pra que a gente pudesse analisar todos os documentos que foram solicitados. Alguns documentos sequer chegaram a ser solicitados, nem os funcionários foram requisitados pela CPI. Ou seja, a CPI foi uma grande farsa”, resumiu Tarcísio.
A CPI, realizada em 2023, finalizou os trabalhos após cinco meses de apuração sem indiciar os possíveis culpados pelo rombo bilionário, levantando ainda mais as especulações de uma possível “blindagem”.