Disfarçada de concessão, a privatização da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), prevista para ocorrer no leilão marcado para 4 de setembro, deve intensificar a crise do abastecimento no estado. Sindicatos do setor indicam que, em todas as localidades onde o serviço foi entregue à iniciativa privada, os problemas se agravaram, refletindo uma tendência que se repete em diversas cidades e estados, até mesmo em outros países.
O Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sinteama) revela que, em estados que venderam suas companhias de abastecimento, os consumidores enfrentam aumentos exorbitantes nas tarifas, serviços de baixa qualidade e atendimento deficiente, além de uma exclusão crescente dos mais vulneráveis.
Em muitos casos, o impacto da privatização tem sido brutal. Em Pará de Minas, as contas de água aumentaram em média 15%, com tarifas para as camadas mais vulneráveis chegando a ser até o dobro do valor anterior. Ouro Preto (MG) ilustra bem a deterioração do serviço: após a privatização, o custo da água saltou de cerca de R$ 27 para R$ 79,88 por 10 metros cúbicos, um aumento de quase 200%.
Manaus também apresenta um quadro preocupante. A privatização na capital amazonense resultou em serviços de esgotamento sanitário limitados a apenas 25% da população, favorecendo os bairros mais ricos e deixando a maioria dos residentes com serviços precários e tarifas altas.
No Rio de Janeiro, a privatização da CEDAE não só aumentou as tarifas como falhou em cumprir a promessa de universalização dos serviços, com denúncias de aumento de até 800% nas contas de água. Em Mato Grosso, a privatização levou ao estabelecimento da tarifa mais cara do país, altos lucros para as empresas e salários milionários para executivos, conforme análise publicada no ONDAS.
Alagoas também enfrentou problemas semelhantes. A privatização resultou em um aumento das tarifas e uma piora na qualidade dos serviços.
Esses exemplos mostram que a privatização do saneamento tem levado a resultados negativos, com aumento dos custos e queda na qualidade dos serviços prestados à população, exatamente o contrário do que o governo privatista de Fábio Mitidieri (PSD) propõe ao entregar a Deso de bandeja para o setor privado.