A possibilidade de o Confiança se transformar em uma Sociedade Anônima de Futebol (SAF) reacendeu as discussões sobre o impacto desse modelo na recuperação de clubes– especialistas o avalia, em sua maioria, como positivo.
Segundo Francisco Manssur, co-autor da Lei da SAF (Lei nº 14.193), o modelo é uma ferramenta eficaz para atrair recursos e fortalecer os clubes brasileiros. “A SAF é um instrumento para obtenção de recursos novos, dinheiro novo no futebol brasileiro que, como associação, o clube não conseguia mais obter. Então você olha para o Bahia, para o Vasco, para o Botafogo, para o Cruzeiro, para o Atlético-MG e vê o dinheiro novo gerando resultados esportivos”, afirmou.
Ele também destacou o impacto da SAF nas contratações de jogadores e na manutenção de talentos no país. “A última janela de contratações mostrou isso, os jogadores que o futebol brasileiro voltou a trazer. O que a gente quer é que cada vez mais o futebol brasileiro também consiga manter seus grandes talentos”, explicou Manssur.
Para o colunista Menon, a SAF pode ser o “oxigênio necessário” para clubes debilitados. “É um oxigênio necessário para quem está doente após tantas lambanças gerenciais. É com não ter muitas ilusões quanto a títulos. Os investidores não farão loucuras para ter lucro.”
Já o apresentador Milton Neves elogiou a profissionalização trazida pela SAF: “Sempre defendi a presença de patrocinadores e parceiros em nossos clubes. Chega de administrações amadoras! Que o Botafogo e o Vasco animem outros com esse novo modelo para o futebol, algo que me parece inevitável e promissor.”
Rodrigo Mattos, por sua vez, chamou atenção para os aspectos individuais de cada projeto: “Projetos de SAF não são iguais em todos os clubes, portanto, cada caso tem que ser analisado individualmente de acordo com as condições e parceiro. Dito isso, a formação da SAF é um caminho possível para clubes endividados se ajeitarem ou clubes saneados alavancarem investimentos. O modelo da lei dá uma grande vantagem ao limitar o pagamento da dívida em 20%; o investidor compra um SAF quase limpa só com um quinto do dinheiro comprometido. Mas é preciso escolher bem o parceiro porque se estará entregando o futuro do clube nas suas mãos.”
Apesar das ressalvas, o consenso é de que o SAF oferece um caminho viável para clubes em dificuldades financeiras, e, dentro e fora de campo, os clubes que adotaram o modelo diminuíram a distância em relação a equipes que, historicamente, arrecadam mais.
No caso do Confiança, as informações são de que o empresário sergipano da Construção Civil, e presidente da Asseop, Luciano Barreto, teria interesse de investir no projeto. E, segundo o ex-presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, houve uma primeira reunião.