Num cenário ainda marcado pela forte polarização entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do presidente Lula (PT), a Nike deve lançar, com a marca da Jordan, em 2026 — ano eleitoral e de Copa do Mundo —, um novo uniforme da seleção brasileira na cor vermelha. O modelo, que foi vazado pelo site inglês Footy Headlines, rapidamente repercutiu, dividiu opiniões e, sobretudo, passou a ser associado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e à esquerda, reacendendo o debate sobre a politização das cores da Canarinho.
A tradicional camisa amarela da seleção, por muito tempo símbolo da paixão pelo futebol, passou a ganhar um novo significado à medida que o bolsonarismo ganhou força no país. Isso é inegável. Nos últimos anos, tornou-se comum associar o uso da “amarelinha” a apoiadores do ex-presidente, especialmente em manifestações políticas. E o que antes era apenas um uniforme esportivo passou a funcionar, na prática, como uma espécie de uniforme ideológico, principalmente entre os que defendem pautas conservadoras e nacionalistas.
O vermelho, por sua vez, é associado ao presidente Lula e aos partidos de esquerda. Agora, ao estampar a possível nova camisa da Canarinho, essa cor tende a reforçar ainda mais a divisão cromática que politizou até mesmo os símbolos do esporte nacional. Se confirmada, a adoção da tonalidade poderá transformar novamente o uniforme em algo que vai além da torcida pelo futebol — tornando-se, assim como a amarela entre bolsonaristas, um símbolo visual do petismo/lulismo no país.
Tanto é que bolsonaristas já começaram a reagir contra o novo uniforme. Nas redes sociais, o senador e filho do ex-presidente, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), por exemplo, chegou a afirmar que o uniforme “sempre foi um símbolo da nossa identidade nacional” e que a bandeira do país “não é vermelha, e nunca será”. O mesmo posicionamento foi replicado por bolsonaristas de todo o país.