Desde que o ex-vereador de Umbaúba, Alexsandro Prado, conhecido como Lequinho, foi preso na operação da Polícia Federal que investiga fraudes contra o INSS, têm ganhado força nos bastidores as especulações de que este seria apenas a ponta do iceberg — e que ele, assim como outros envolvidos, contaria com o apoio de políticos para fazer o esquema. Populares e lideranças locais sugerem que uma dessas figuras seria o presidente estadual do União Brasil, André Moura, devido à forte ligação que ambos mantem no município, inclusive com envolvimento em outros negócios — a Realce aguarda maiores informações.
Em uma de suas publicações sobre o caso, o radialista Luiz Carlos Focca, por exemplo, questiona se Lequinho teria o apadrinhamento de alguém influente em Brasília. A reação nos comentários foi imediata: “Deve ter políticos grandes aí no meio”, escreveu um internauta. “O pior é que todos de Umbaúba sabem quem é o padrinho político dele”, comentou outro, acrescentando: “Quando nasceu essa União, até onde ia essa União?”, sugerindo a proximidade com AM. O empresário, no entanto, apagou seus perfis nas redes sociais, onde haviam fotos que comprovavam sua relação com o ex-deputado.
As informações são de que Lequinho, que apresentou um crescimento patrimonial vultoso nos últimos anos, atuou como principal coordenador das campanhas de André em Umbaúba. Esses apoios, segundo fontes, teriam sido financiados com recursos próprios.
Inicialmente, era o próprio André quem estaria endossando a candidatura de Guadalupe, esposa de Lequinho, à prefeitura de Umbaúba em 2024. No entanto, segundo informações amplamente circuladas no município, posteriormente, por orientação de aliados e sócios, o próprio marido teria preferido que ela não disputasse o pleito, apesar de liderar a maioria das pesquisas de intenção de voto naquele ano.
De acordo com a Polícia Federal, Lequinho era um dos líderes do esquema em Sergipe, ao lado de Sandro Temer de Oliveira — ambos presos no final de abril. Eles estavam à frente de duas associações sediadas no estado, a Associação Universo e a APDAP Prev, ambas investigadas por fraudes bilionárias no INSS. As entidades foram criadas com documentos falsificados, incluindo assinaturas forjadas em termos de filiação para autorizar descontos diretos na folha de pagamento de aposentados e pensionistas.
Segundo a PF, as associações movimentaram mais de R$ 300 milhões em apenas 21 meses. A fraude consistia em descontos ilegais — geralmente entre R$ 30 e R$ 50 — identificados como “contribuições” nos contracheques das vítimas, sem que estas tivessem autorizado ou sequer soubessem da existência das entidades.
Além da fraude documental, a Polícia Federal apurou indícios de lavagem de dinheiro, com repasses dos valores para empresas registradas em nome de laranjas. Uma agenda apreendida na casa de um dos suspeitos detalhava a divisão dos lucros entre os envolvidos. A defesa dos empresários não quis se manifestar até o momento. A revista também não conseguiu contato com André Moura (UB).