Têm sido cada vez mais constantes as reclamações da população aracajuana devido à irregularidade na coleta de lixo na capital, onde as ruas estão com sacos acumulados, bairros inteiros sem atendimento há dias e o mau cheiro se espalhando pela cidade. Em meio a essa grande insatisfação, a prefeita Emília Corrêa (PL) se pronunciou nesta semana sobre a crise e prometeu que os serviços deverão ser retomados integralmente até a sexta-feira, 16. No entanto, ao invés de assumir os erros da própria gestão, ela preferiu direcionar parte da culpa à Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema).
A justificativa da prefeita gira em torno de uma determinação recente da Adema, que interditou cinco caminhões da empresa Renova, responsável pela coleta em Aracaju. Os veículos estavam em más condições, vazando chorume e operando sem a devida licença ambiental. A fiscalização constatou a irregularidade, determinou a paralisação dos caminhões e, após descumprimento da ordem, conduziu o gerente da empresa à delegacia. O órgão ainda aplicou multas que somam quase R$ 1,5 milhão à empresa.
Em seu pronunciamento, a prefeita tentou politizar para esconder os reais problemas, ao insinuar que a ação da Adema agravou o cenário do lixo nas ruas, como se o órgão ambiental estivesse atrapalhando os trabalhos da coleta, quando, na verdade, apenas cumpria sua obrigação legal.
O problema, no entanto, vai muito além da interdição de cinco caminhões. A crise no serviço de limpeza urbana é reflexo direto das decisões da própria Prefeitura de Aracaju. A contratação da Renova, feita em caráter emergencial, é alvo de duras críticas desde o início. O processo, segundo denúncias de parlamentares da oposição e órgãos de controle, foi repleto de falhas e desrespeitou inclusive decisões judiciais e liminares do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que apontavam irregularidades na contratação.
Mesmo sem licença ambiental para atuar com coleta de resíduos domiciliares e da construção civil, a Renova foi escolhida pela Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb) para realizar o serviço essencial. O contrato, que prometia gerar uma economia de R$ 30 milhões aos cofres públicos, agora tem custado caro à população.
Com todos esses fatores, fica claro que o que está em curso, ao que tudo indica, é mais uma tentativa da prefeitura de transferir responsabilidades e evitar o desgaste político que cresce dia após dia, à medida que o lixo se acumula nas ruas e a paciência da população chega ao limite.