Existe um Valmir de Francisquinho (PL) antes e depois das eleições de 2022, quando saiu de uma posição em que era um verdadeiro fenômeno eleitoral, como destacou a Realce na época, para ocupar um espaço cada vez menos relevante na política a nível estadual — se restringindo a força apenas regional —, acumulando desde então uma crescente rejeição, como em um efeito dominó, desencadeado por decisões precipitadas e movimentos mal calculados por ele próprio.
A maré da onda azul do político do agreste começou a enfrentar turbulências a partir do exato momento em que ele se recusou a substituir seu nome, então inapto, na disputa pelo Governo do Estado naquele ano, pelo de Emília Corrêa (PL). Esse episódio, inclusive, ainda lhe rende desgastes até hoje dentro do próprio grupo e da direita independente, onde diverge publicamente com outras lideranças, como Eduardo Amorim (PL), sobre essa decisão.
A situação piorou ainda mais quando, no primeiro turno, teve seus votos anulados e, no segundo, declarou apoio ao então candidato do PT, Rogério Carvalho, que tinha apoio dos eleitores anti-Bolsonaro. Esse gesto o prejudicou ainda mais, gerando forte rejeição entre os já citados setores independentes da direita — que compunham a maior parte de sua base, mas que hoje o encaram com desconfiança.
Passadas as eleições, Valmir afundou ainda mais sua popularidade ao disparar, sem dó nem piedade, fogo amigo contra seus próprios aliados. Emília, Edvan, Eduardo e até mesmo Adailton Sousa não escaparam de sua mira — esse último quase sendo jogado numa CPI da Câmara Municipal de Itabaiana.
No caso dos três primeiros, ao atacá-los, Valmir também acabou expondo um possível conflito interno no PL, ao afirmar que estaria sendo excluído da administração da capital. A declaração não caiu bem, principalmente por insinuar que ele esperava receber cargos em troca do apoio à prefeita em 2024.
Além disso, no ano passado, Valmir tentou firmar um acordo com o Ministério Público no processo do Matadouro — o que foi interpretado como um atestado de culpa no escândalo de corrupção em Itabaiana —, mas não teve sucesso, sendo condenado por improbidade administrativa e ficando inelegível.
Todos esses episódios afetaram drasticamente a imagem de Valmir, que saiu de uma posição em que estava no topo e agora vê sua popularidade sendo enterrada cada vez mais no campo político estadual, restando-lhe tentar se reconstruir como uma liderança regional, onde vê uma ameaça surgindo, Anderson de Zé das Canas.