O requerimento nº 166/2025, de autoria do vereador Lúcio Flávio (PL), que propunha a realização de uma Sessão Especial em alusão aos 61 anos da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, realizada em 1964, foi rejeitado ontem, 20, no plenário da Câmara Municipal de Aracaju.
A proposta provocou reação imediata da maioria dos parlamentares, que criticaram o teor do requerimento, acusando-o de tentar homenagear um movimento que antecedeu e ajudou a legitimar o golpe militar que deu início à ditadura no Brasil. Entre os que se posicionaram de forma mais veemente contra, estavam os vereadores Professora Sônia Meire, Iran Barbosa, Camilo Daniel e Breno Garibalde.
“A marcha foi uma atividade preparatória para o golpe cívico-militar que instalou a ditadura. Foi um período que assassinou, perseguiu, fechou o Legislativo. Isso foi enterrado pela Constituição”, argumentou Iran Barbosa. Já Sônia Meire lembrou que sessões especiais têm caráter comemorativo e questionou: “Como nós, eleitos democraticamente, estamos apoiando uma sessão para homenagear algo que ajudou a instalar uma ditadura?”
Na mesma linha, o vereador Camilo Daniel afirmou: “Essa marcha, na prática, foi contra a reforma agrária, urbana, e culminou em um golpe que matou e torturou pessoas. Esse discurso fere a democracia.” Breno Garibalde também se manifestou contra: “Após essa marcha, sabemos o que ocorreu. Foi claramente preparatória para o golpe militar.”
Do outro lado, o vereador Lúcio Flávio defendeu sua proposta. “Foi o maior movimento confessional no Brasil naquele momento, com católicos e evangélicos se posicionando contra o país se tornar comunista ou ateu”, afirmou. Para ele, a sessão teria caráter de reflexão e não de homenagem. “As loucuras insinuadas no plenário não foram por ignorância, mas por má-fé”, disparou o vereador após a rejeição.
O Pastor Diego, que votou a favor do requerimento, disse que a proposta “não falava sobre homenagem, mas poderia ser um espaço de discussão”. Também apoiaram o requerimento os vereadores Alex Melo e Thanata da Equoterapia.
O requerimento foi rejeitado por ampla maioria, com os seguintes votos: Sônia Meire, Anderson de Tuca, Bigode do Santa Maria, Breno Garibalde, Camilo Daniel, Iran Barbosa, Maurício Maravilha, Miltinho, Sávio Neto, Selma França, Soneca e Vinícius Porto votaram contra; Alex Melo, Lúcio Flávio, Pastor Diego e Thanata da Equoterapia votaram a favor; Joaquim da Janelinha e Sargento Byron se abstiveram.