Quem via Valmir de Francisquinho (PL) e Emília Corrêa (PL) juntos em campanha em 2022 dificilmente imaginaria que, poucos meses depois, a relação entre os dois mudaria da água para o vinho, especialmente após decisões precipitadas do itabaianense, que praticamente sepultaram sua popularidade no estado e o tornaram conhecido como um político incoerente, disposto a tudo pelo poder.
Tudo começou quando, naquele ano, mesmo inelegível, Valmir hesitou em substituir seu nome pelo de Emília na disputa pelo Palácio dos Despachos. A situação piorou quando, após ter os votos anulados no primeiro turno devido à sua condição jurídica, ele declarou apoio ao então candidato do PT no segundo turno, movimento que gerou enorme rejeição e desgaste com a direita independente, especialmente entre os bolsonaristas, até então sua principal base de apoio.
Passado o período eleitoral, cada um seguiu seu caminho. Mas, em 2024, voltaram a se cruzar após Emília chegar ao segundo turno na disputa pela Prefeitura de Aracaju. Na tentativa de reduzir seus desgastes com a direita sergipana, Valmir, já eleito novamente prefeito de Itabaiana, decidiu participar da campanha de Corrêa. Esse envolvimento alimentou expectativas de que ele teria espaços na futura gestão da prefeita, o que não aconteceu. Desde então, surgiram especulações sobre um possível ressentimento por parte de Emília, ainda magoada por não ter sido indicada por Valmir como sua substituta na corrida estadual, especialmente após o “pato” ter declarado apoio ao candidato do PT.
Valmir já confirmou publicamente o clima tenso. Ele afirmou que existem articulações dentro do Partido Liberal para mantê-lo afastado da administração de Emília, enquanto os irmãos Amorim conseguiram ocupar a maioria das pastas da gestão.
E, ao que tudo indica, essa ferida entre Valmir e Emília está longe de cicatrizar. Nesta semana, ele voltou a externar seu incômodo com o que classificou como ingratidão da prefeita, por não tê-lo “recompensado” após sua participação na campanha.
“Fiz minha parte com Emília. Fui para Aracaju, passei 19 dias, Valmir foi importante. Quando passou a eleição, Valmir não teve mais importância nenhuma. Botei meu bondezinho de volta para Itabaiana e fiquei na minha. Deus tome conta dela e que ela faça uma excelente gestão […] Se ela entende que não deve agradecer, não deve falar, que não deve nada, paciência”, disse Valmir em recente entrevista.
Por esse motivo, e também por outros fatores, como o fogo amigo contra aliados e os constantes atritos com correligionários, o itabaianense já estaria de malas prontas para mudar de partido. Emília, por sua vez, mantém silêncio público sobre o assunto, mas suas posturas e decisões indicam claramente que ainda carrega um forte ressentimento em relação a Valmir.