Constantes episódios de conflitos internos, fogo amigo, discursos apressados e amarrotados de indiretas, decisões precipitadas e falta de estratégia marcam o atual momento da oposição em Sergipe que, desestruturada e sem um nome forte para encabeçar a chapa majoritária em 2026, segue completamente sem rumo para as próximas eleições.
Apesar das tentativas de seus integrantes de remediar a situação e criar uma imagem falsa de normalidade, com uma também ilusória sensação de unidade, os episódios continuam vindo à tona, por mais que tentem esconder.
O principal deles, sem dúvidas, é o atrito entre os grupos de Valmir de Francisquinho (PL) e Emília Corrêa (PL). O episódio de 2022 ainda gera desgastes dentro do próprio grupo e entre setores da direita independente, com os quais o itabaianense diverge abertamente, inclusive com Eduardo Amorim (PL), sobre a decisão de não ter indicado a ex-vereadora na disputa pelo Governo do Estado.
Em 2024, Valmir tentou contornar a situação com os bolsonaristas ao apoiar Emília no segundo turno em Aracaju. Mas, encerrado o pleito, voltou a atacar os próprios aliados, expondo o conflito interno no PL ao insinuar que estava sendo excluído da administração da capital. A fala soou como uma cobrança por cargos em troca do apoio à prefeita, e pegou muito mal para o itabaianense.
E mesmo após Emília ter lhe agradecido publicamente, depois de todas suas cobranças, Valmir foi novamente isolado das decisões do grupo hoje liderado por ela, Edvan e Eduardo. Foi excluído, inclusive, da indicação dos dois nomes que representarão o bloco na disputa pelo Senado. Ou seja, o clima está longe de ser apaziguado entre eles.
Adailton Souza (PL), por exemplo, mais uma vez escancarou que ambos não estão mais em sintonia. Em entrevista na rádio Itabaiana FM, ele criticou abertamente o que classificou como “decisão monocrática” da prefeita de Aracaju na condução política do bloco, referindo-se à escolha dos nomes para disputar o Senado em 2026. Segundo ele, o apoio a Rodrigo Valadares (UB) e ao ex-senador Eduardo Amorim (PL) teria sido feita sem qualquer consulta prévia às principais lideranças do grupo.
“Valmir de Francisquinho, que é a maior expressão política de Sergipe hoje, não foi consultado. Eu também não. O prefeito Talysson? Também não.”, afirmou Adailton, citando ainda o deputado federal Ícaro de Valmir e a prefeita Jeane de Nossa Senhora Aparecida, como nomes igualmente excluídos das articulações.
Todos esses episódios fragilizaram profundamente a imagem da oposição, que, num jogo de vaidade, precipitação e fogo amigo, ainda não apresentou um nome forte capaz de ameaçar a reeleição do governador Fábio Mitidieri (PSD), que segue fortalecendo seu projeto para 2026, tendo a própria gestão como seu maior cabo eleitoral.
Alguns ainda alimentam, ilusoriamente, a possibilidade de Valmir disputar no próximo ano. Mas o ex-prefeito está inelegível e, mesmo que pudesse concorrer, já não seria mais o mesmo Valmir de 2022, aquele que deixou sua máscara cair ainda naquele ano. Outros apostam suas fichas em Thiago de Joaldo, mas o parlamentar, deputado federal de primeiro mandato, ainda não possui capital político-eleitoral suficiente, como mostram as pesquisas já divulgadas. No fim das contas, o que resta à oposição, por enquanto, é esperar. E torcer para que, até lá, algo mude.