Na política, opositores costumam usar uma fórmula mágica no Legislativo para engrossar seus discursos de oposição às gestões, como forma de se promover politicamente e pavimentar o caminho para uma futura candidatura ao Executivo. Foi assim com Bolsonaro no cenário nacional, e também com Emília Corrêa (PL), propositalmente ou não, que construiu sua imagem pública como a vereadora combativa contra o então prefeito Edvaldo Nogueira (PDT). Com um posicionamento firme, ela se tornou um dos nomes naturalmente mais lembrados nas urnas e acabou eleita prefeita de Aracaju em 2024.
Hoje, o que se vê na Câmara da capital é um cenário bastante semelhante, e que pode estar trilhando o mesmo caminho. Só que agora, contra Emília. E quem tem assumido esse papel é o vereador Elber Batalha (PSB), atual líder da oposição no Legislativo municipal.
Elber tem sido uma das vozes mais incisivas contra a prefeita. Em diferentes momentos de crise na capital, ele tem se colocado como o principal fiscalizador da gestão, ganhando espaço na imprensa e nas redes sociais com falas contundentes e discursos bem articulados. Foi assim na polêmica dos ônibus elétricos, onde denunciou o sobrepreço e falta de transparência na licitação, na crise do lixo que assolou a cidade no início do ano, e com outros erros grotescos da gestão.
Nos bastidores, a leitura é de que o vereador tem feito um trabalho seguindo a mesma fórmula que funcionou com Emília. E seus colegas parlamentares deixaram escapar essa possibilidade. Em recente sessão na Câmara, o presidente da Casa, Ricardo Vasconcelos (PSD), afirmou “ninguém aqui quer ser prefeito”, e Fábio Meireles (PDT) reagiu com um riso sarcástico. Ricardo então emendou, também em tom de brincadeira: “de Elber?”, provocando gargalhadas entre os presentes.
Brincadeira ou não, a frase já repercutiu nos bastidores. Afinal, Emília começou exatamente assim: fiscalizando, denunciando, criticando, até que virou um nome natural ao comando da cidade.