A crise interna do PL, destacada em reportagem do jornal Folha de São Paulo, confirma o que a Revista Realce já havia apontado em suas análises da última semana: a legenda vive um processo de transformação, deixando para trás, de uma vez, o perfil de partido menos ideológico, de negociações típicas do centrão, para se consolidar como um braço quase exclusivo do bolsonarismo.
A nível nacional, a Folha mostra que o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, vem patrocinando um expurgo gradual de quadros históricos ligados ao centrão, movimento que deve se intensificar até 2026. A ameaça é de que quem não se alinha ao discurso radicalmente conservador já não encontra espaço na legenda.
Segundo o líder da bancada, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), o objetivo é chegar à próxima eleição com até 99% da bancada composta por bolsonaristas.
Esse cenário se reflete diretamente em Sergipe, onde a disputa pelo comando do diretório estadual ilustra de forma nítida essa guinada. Como revelou a Realce, o deputado Rodrigo Valadares articula para assumir a presidência da sigla, numa movimentação que gera desconforto não só entre aliados locais, mas também em parlamentares de outros estados. A leitura em Brasília é de que entregar o PL sergipano ao bolsonarista abriria precedente para novas intervenções em diretórios estaduais, fortalecendo figuras que buscam se projetar como representantes exclusivos do bolsonarismo.
Do outro lado, o empresário Edvan Amorim tenta resistir ao processo de esvaziamento de sua influência. Historicamente acostumado a usar o partido como instrumento para manter força política e negócios, ele defende que o diretório fique sob o comando da prefeita Emília Corrêa (PL) ou do prefeito Valmir de Francisquinho (PL). Para analistas, trata-se de uma reação desesperada diante da percepção de que, desta vez, pode estar perdendo a capacidade de controlar a legenda.