A oposição caminha para 2026 com uma estrada totalmente nebulosa. As últimas semanas só reforçaram o que já vinha sendo observado: jogos de vaidade, disputas por poder e sucessivos rachas internos que enfraquecem qualquer tentativa de projeto coletivo, principalmente majoritário. O resultado é um bloco desorganizado, sem estratégia e incapaz de construir um nome forte para enfrentar o atual governador Fábio Mitidieri.
O episódio mais recente foi no PL, onde Rodrigo Valadares articulou nos bastidores e tirou de vez Edivan Amorim do comando da legenda em Sergipe, que foi nacionalmente humilhado. O empresário, que por anos usou o partido como uma ponte para diversas “situações”, saiu enfraquecido e sem espaço, após a nacional deixar claro que o diretório precisava ser entregue a um nome que representasse os bolsonaristas de raiz. Rodrigo assumiu o comando e escancarou a divisão.
Essa mudança colocou a prefeita de Aracaju, Emília Corrêa, em um dilema: seguir a liderança de Rodrigo ou acompanhar Edivan em sua provável migração para o Republicanos. No meio desse embate, aliados de Amorim emplacam a mensagem de que Valadares é “traidor” e avisam que suas próximas vítimas podem ser justamente a prefeita e até o próprio Jair Bolsonaro, caso os interesses se choquem.
Os rachas não param aí. Valmir de Francisquinho, que já vinha desgastado desde 2022 quando apoiou o PT no segundo turno, voltou a viver isolamento político, a massacrante maioria provocada por suas própria declarações que sangram os aliados e amigos. Em 2024, o prefeito não conseguiu espaço na gestão de Emília, mesmo depois do apoio dado, e agora foi preterido novamente na costura que levou a prefeita a abraçar Rodrigo e Eduardo Amorim para o Senado. Por ironia, é o mesmo Edivan Amorim — de quem Valmir tanto reclamou em 2025 — quem agora lhe estende a mão numa tentativa desesperada de reagrupar forças.
Esse enredo expõe não apenas a falta de coesão, mas também a ausência de um projeto. Em 2022, Valmir já despontava com força nesta altura da corrida, aparecendo bem nas pesquisas. Agora, em 2026, o cenário é oposto: não há um nome competitivo capaz de unificar o bloco. A oposição se resume a movimentos de sobrevivência, onde cada liderança busca salvar o próprio espaço, mesmo que à custa de aliados.
O contraste com o governo é inevitável. Enquanto a base governista exibe organização e resultados concretos da gestão, a oposição mergulha em disputas internas que consomem energia e credibilidade. A “guerra pelo poder” escancara um bloco que chega ao próximo pleito não apenas fragilizado, mas sem horizonte claro — e com sérias dificuldades de convencer o eleitorado de que pode oferecer um projeto viável para Sergipe.