O episódio ocorrido durante a 19ª Primavera dos Museus, no Memorial de Sergipe, localizado na Orla de Atalaia, em Aracaju, continua ganhando repercussão, especialmente entre a classe política.
A polêmica foi provocada por falas do diretor artístico Emmanuel Vasconcelos Serra, do grupo musical Renantique, que durante a apresentação negou a existência do racismo estrutural no Brasil, ironizou a educação pública, exaltou a importância do branco na formação nacional e fez declarações negacionistas sobre a pandemia da Covid-19.
O Sintese classificou o episódio como um “Concerto de Horrores” e cobrou providências das autoridades, enquanto a direção do Memorial de Sergipe pediu desculpas, embora tenha permitido que a apresentação seguisse por alguns minutos.
Nas redes sociais, a deputada estadual Linda Brasil (PSOL) repudiou duramente o caso, chamando-o de “inaceitável” e afirmando que se trata da reafirmação de um projeto de sociedade racista, machista e negacionista. Para ela, utilizar o palco para negar o racismo estrutural e debochar da educação pública representa violência simbólica contra estudantes e professores.
Do outro lado, o vereador de Aracaju Lúcio Flávio (PL) também se manifestou, mas com críticas direcionadas à esquerda. Para ele, o episódio escancara a “canalhice” e a incoerência dos que agora pedem o cancelamento do Renantique. O parlamentar afirmou que quando denunciou grupos de samba que, em sua visão, usavam shows como palanque político para a esquerda, foi ignorado ou até ridicularizado. Agora, diz ele, os mesmos que defenderam tais artistas querem impedir a banda de se apresentar por emitir opiniões alinhadas à direita. “Hipócritas. A minha coerência me permite criticar as duas situações. A deles tem dois pesos e duas medidas”, escreveu.