O ataque ao terreiro Ilê Axé Iá Oxum, localizado no bairro Robalo, em Aracaju, que teve suas instalações invadidas e destruídas no último dia 3 de outubro, ganhou forte repercussão no estado. O caso, denunciado em vídeo no fim de semana, mostra portas arrombadas, cômodos revirados e objetos sagrados espalhados pelo chão, entre eles, instrumentos litúrgicos, roupas de cerimônia e artefatos de uso religioso.
De acordo com os responsáveis pelo espaço, também foram roubados eletrodomésticos como geladeira, fogões, botijões de gás e até uma máquina de costura usada na confecção das indumentárias das cerimônias. “Nossa casa foi arrombada, foi vilipendiada, foi usurpada. Uma afronta à nossa identidade religiosa, à nossa autonomia enquanto casa de axé e povo tradicional”, declarou Vanderlande Ogum, integrante do terreiro.
O episódio mobilizou parlamentares e lideranças de esquerda em Sergipe. A deputada estadual Linda Brasil (PSOL), presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Alese, manifestou solidariedade e classificou o ataque como parte de um processo histórico de violência racial e religiosa. “O racismo religioso é real e precisa ser nomeado como tal. Atacar um terreiro é atacar também uma filosofia de mundo que resiste há séculos à colonização e ao silenciamento”, afirmou. Ela destacou ainda que já entrou em contato com representantes do terreiro e cobrará das autoridades uma investigação célere e rigorosa.
O deputado federal João Daniel (PT) também se pronunciou, chamando atenção para o caráter extremista da ação. “Tudo leva a crer que se trata de um ataque de grupos de inspiração fascista, que deixaram sinais de ódio e intolerância religiosa. Manifestamos repúdio e vamos acompanhar de perto as apurações para que os responsáveis sejam punidos”, disse o parlamentar.
Já a vereadora e professora Sônia Meire (PSOL) esteve pessoalmente no Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV) ao lado de representantes do Ilê Axé Iá Oxum, reforçando o pedido por justiça. “Racismo religioso é crime, e não aceitaremos que isso siga acontecendo em nosso estado e cidade. Toda proteção ao Ilê Axé Iá Oxum e a todos que nele exercem sua fé”, declarou.
Em nota, a Polícia Civil informou que o caso foi registrado em boletim de ocorrência e está sendo investigado pela Delegacia de Atendimento a Crimes Homofóbicos, Racismo e Intolerância Religiosa (Dachri), unidade responsável por apurar situações de intolerância e garantir a responsabilização dos envolvidos.
			
		    

