Inelegível, acumulando condenações por improbidade administrativa e corrupção, isolado dentro do próprio grupo político em função de sucessivos episódios de fogo amigo e reposicionado de grande liderança estadual a figura regional, Valmir de Francisquinho (PL) vive hoje um verdadeiro inferno astral, com derrotas judiciais, perdas de apoio e o afastamento progressivo de aliados bolsonaristas que antes o tratavam como uma das maiores forças da direita sergipana.
A mais recente condenação foi pela 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJ/SE). O colegiado decidiu de forma unânime pela punição do prefeito de Itabaiana por ato de improbidade administrativa no caso do Matadouro, no qual ele até tentou firmar um acordo de não persecução cível, mas sem sucesso, o que foi visto no meio jurídico, político e para o eleitor como um atestado de culpa.
Com a última decisão, dessa semana, Valmir teve os direitos políticos novamente suspensos por seis anos, foi condenado ao pagamento de multa civil equivalente a cinco vezes o salário de prefeito e proibido de contratar com o poder público ou receber benefícios fiscais por cinco anos. Além disso, a decisão impõe ressarcimento solidário ao erário, cujo valor ainda será definido em fase de liquidação. O Ministério Público pede mais de R$ 8 milhões em seu parecer.
E essa nova derrota jurídica se soma a uma sequência de desgastes que começaram, especialmente, nas eleições de 2022, quando Valmir se recusou a abrir espaço para Emília Corrêa (PL) disputar o Governo de Sergipe em seu lugar, mesmo estando inelegível. A decisão, vista por muitos como um erro e vaidade, marcou o início de sua derrocada política. Com os votos anulados e o apoio declarado ao candidato do PT no segundo turno, o pato perdeu o respaldo da base bolsonarista que o sustentava, mergulhando num isolamento que persiste até hoje.
Agora, Valmir amarga o afastamento definitivo das principais lideranças da direita. E, vale lembrar que, apesar das recentes aproximações com Edivan Amorim na falha tentativa do empresário de não perder o PL, há pouco tempo o prefeito foi deixado de fora das articulações conduzidas por ele, Emília e Eduardo Amorim, que decidiram sozinhos os nomes que representarão o grupo na disputa pelo Senado, sem qualquer indicação feita pelo pato, além de não ter tido nenhuma participação na gestão de Aracaju. E essa exclusão reforçou sua nova condição, que de líder, transformou-se em mero liderado.
Nos bastidores, a interpretação é de que o itabaianense colhe os frutos de sua postura vaidosa, marcada por ataques a aliados e declarações que alimentaram divisões internas. Tudo isso deixa claro que, na política, vaidade e isolamento são combinações fatais, e, no caso dele, o preço está sendo pago com juros altos. Como disse um aliado de longa data do prefeito, o jornalista Carlos Ferreira, “a política do ‘eu sozinho’ tem um preço alto, e o prefeito de Itabaiana parece não estar percebendo”.


