O Partido Liberal passou anos e anos sendo comandado pela mesma pessoa: Edivan Amorim. Este que, diga-se de passagem, usou a sigla como um verdadeiro balcão de seus negócios no estado. E, com a chegada de Rodrigo Valadares (UB) ao comando do diretório estadual, através de sua esposa, Moana Valadares (PL), naturalmente surgiram os questionamentos sobre as mudanças que deverão ocorrer na agremiação: ele irá esfacelar a legenda ou dar uma nova vida a ela?
No cenário nacional, o PL tem passado por um realinhamento interno que prioriza lideranças bolsonaristas, deixando de lado, e em muitos casos afastando, figuras que preferem se manter neutras quando o assunto é a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, hoje a principal estrela do partido no país. Essa filtragem ideológica vem reconfigurando diretórios estaduais e fortalecendo o discurso de fidelidade irrestrita ao bolsonarismo como critério de pertencimento.
Em Sergipe, esse movimento se encaixou perfeitamente. Isso porque nomes como Emília Corrêa, Valmir de Francisquinho e o próprio Edivan Amorim pouco ou nada fizeram para defender publicamente as causas e pautas do bolsonarismo. Nos momentos em que a direita foi às ruas em defesa de Bolsonaro ou da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, o grupo simplesmente se manteve em silêncio. A postura levantou dúvidas até mesmo entre aliados, que passaram a questionar se essas lideranças buscavam apenas o bônus de estar no PL, sem arcar com o ônus político de se posicionar ao lado do ex-presidente nos momentos mais delicados.
O fato é que 2026 se aproxima, e Rodrigo Valadares terá a difícil missão de provar a que veio: se irá fortalecer o PL e consolidar o palanque da direita nas disputas majoritárias e proporcionais, ou se acabará esfacelando a legenda, como já se especula nos bastidores.
Analistas avaliam que sua postura tem sido marcada por centralização e individualismo, o que pode gerar resistência dentro da própria base conservadora. O prefeito Edi Leite, por exemplo, já anunciou sua saída do PL. Caso Valmir e Emília decidam de fato acompanhar Edivan Amorim em uma nova legenda, Rodrigo perderá mais uma queda de braço, levando consigo dois prefeitos de grandes colégios eleitorais do estado e enfraquecendo a estrutura partidária que tomou dos Amorim num golpe político certeiro.
Nas últimas semanas, ele até tem tentado reconstruir pontes, dialogando com nomes do partido como Emanoel Cacho, Pato Maravilha, Netinho Guimarães e Maurício Maravilha, numa tentativa de reorganizar a sigla e conter a crise que, ao que tudo indica, ainda está longe de acabar.


