A polarização entre lulistas e bolsonaristas continua sendo o grande divisor da política brasileira e promete, mais uma vez, influenciar diretamente as eleições de 2026, inclusive em Sergipe. Mesmo inelegível, Jair Bolsonaro (PL) segue como o principal nome da direita e o maior cabo eleitoral dos conservadores, gerando expectativa sobre quem representará seu grupo nas próximas disputas. Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vive um momento de melhora na aprovação, tendo um cenário favorável para a reeleição.
Entre os fatores que fortalecem o petista estão a isenção no imposto de renda para a classe média, as ações voltadas à soberania nacional, entre outros, o que tem melhorado a percepção pública sobre seu governo, apesar de ser incerta a percepção sobre os recentes conflitos no Rio de Janeiro. Já no campo da direita, o bolsonarismo enfrenta dificuldades de reorganização, especialmente após a condenação de Jair por tentativa de golpe de Estado e as desastrosas ações do clã Bolsonaro durante o Tarifaço dos EUA. O desafio agora é encontrar novos rostos capazes de manter viva a mobilização conservadora sem o ex-presidente nas urnas.
Em Sergipe, o impacto dessa polarização já é evidente. Lula pretende consolidar sua base no Estado através de uma aliança com Fábio Mitidieri (PSD), uma costura que a Realce antecipou com exclusividade no início de outubro, com fontes do PT Nacional, e que vem se confirmando. Segundo informações de bastidores, o presidente deve se reunir nas próximas semanas com o governador sergipano e o senador Rogério Carvalho (PT) para tratar do palanque de 2026.
Rogério, que é o nome do presidente para o Senado, tem prioridade dentro do partido por ser detentor do mandato e figura de confiança do Planalto. Já Mitidieri é visto como um aliado estratégico por comandar um dos governos mais bem avaliados do Nordeste, o que pode garantir um palanque sólido para Lula no Estado, onde foi o mais votado em 2022, com 862.951 votos contra 421.086 votos de Bolsonaro. Ou seja, maioria do eleitorado sergipano é lulista, se levar esses dados em conta.
Na direita, o cenário é de incerteza e fragmentação. Ainda não há definição sobre quem disputará o Governo de Sergipe, mas a corrida pelo Senado já tem um nome de confiança de Bolsonaro: Rodrigo Valadares (PL), que conta com o apoio direto do ex-presidente. No entanto, o deputado, que vinha se posicionando bem nas pesquisas justamente por conta desse respaldo, viu sua popularidade despencar após uma série de polêmicas, como a defesa exagerada dos Estados Unidos em temas de soberania nacional, o apoio à PEC da Blindagem e os conflitos internos pelo comando do PL em Sergipe. Além disso, o partido enfrenta turbulências com a saída de lideranças desde que tomou o seu controle, o que fragiliza a estrutura conservadora no Estado.
Diante desse panorama, é mais do que certo que a polarização deverá impactar diretamente nas eleições de 2026 em Sergipe, tanto na disputa pelo Governo do Estado quanto na corrida pelo Senado, onde as movimentações já estão em curso e tendem a se intensificar nos próximos meses. O embate entre lulistas e bolsonaristas também deve respingar nas eleições para a Câmara Federal, com nomes do PT e do PL despontando na disputa por vagas, e alcançar ainda a Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), onde a esquerda e a direita já vêm testando e preparando candidaturas competitivas para garantir espaço na próxima legislatura, a exemplo de Lúcio Flávio (PL) e Linda Brasil (PSOL).


