Nos últimos dias, uma ação coordenada tomou conta dos veículos de comunicação em Sergipe: a suposta narrativa de que o senador Rogério Carvalho teria articulado a citação do nome de André Moura na CPMI do INSS. A notícia, claramente plantada, enganou até jornalistas experientes e portais tradicionais, ganhando espaço mesmo sem qualquer fonte confiável no estado ou em Brasília, como apurou a Realce.
O enredo, no entanto, parece mais elaborado do que aparenta. Quanto mais os próprios aliados de André tentam repercutir a história para apresentá-lo como vítima, mais luz jogam sobre o caso, e sobre a gravidade da acusação feita pelo deputado mineiro Rogério Corrêa. Segundo análises de bastidores, a estratégia teria origem em outro senador, interessado em provocar ruído entre André e Rogério, dois nomes que, até aqui, despontavam como favoritos a compor a base de Fábio Mitidieri em 2026.
O episódio surge justamente no momento em que Rogério e André pareciam se aproximar politicamente, abrindo caminho para uma eventual composição na chapa governista ao Senado. Essa nova afinidade vinha sendo vista como um passo importante para consolidar o palanque de Mitidieri e reduzir os focos de tensão dentro da base aliada.
O resultado, contudo, foi o oposto do esperado. Na tentativa de conter danos, o grupo de André acabou acendendo um imenso holofote sobre o problema, amplificando o tema e dando a ele projeção que não possuía. Em vez de conter a crise, transformou uma especulação periférica em manchete, gerando o que qualquer estrategista de comunicação deseja: gerar mídia espontânea.
A forma como o episódio foi conduzido revela uma fragilidade estratégica. Em tempos de guerra de narrativas, um defesa mal feita pode gerar efeito reverso. E, ao perder o controle da narrativa, o grupo de André permitiu que adversários alcançassem o êxito. Quem deveria apagar o incêndio, incendiou o palanque.


