Os últimos acontecimentos na política nacional abriram um novo período de observação para analistas: como ficará o campo da direita em 2026 e de que forma esse movimento repercute nos estados. Cientistas políticos, como Camila Rocha (Cebrap), avaliam que o cenário é de reorganização, uma fase que costuma redefinir lideranças, abrir disputas internas e testar a capacidade dos grupos de se manterem coesos sem um eixo central de comando.
Em Sergipe, os reflexos são nítidos. O que se vê hoje é um campo conservador pulverizado, com lideranças buscando ocupar o mesmo espaço, partidos disputando direção e movimentos que revelam mais competição interna do que unidade programática. A direita sergipana, que já vinha fragmentada desde 2022, agora enfrenta um novo desafio: transformar influência setorial em força eleitoral orgânica.
Rodrigo Valadares surge nesse contexto como uma das figuras com maior potencial de mobilização dentro da direita. Sua presença digital, alinhamento ideológico recente e aproximação com o eleitor mais engajado o colocam como nome competitivo para o Senado. Mas analistas ponderam que isso não garante hegemonia: há uma distância significativa entre capital simbólico e capacidade de articulação ampla, e esse é o teste que se impõe a partir de agora. A transferência do comando do PL para Rodrigo reforçou sua posição, mas também expôs fraturas internas que ainda não foram reabsorvidas.
Outro nome que traz que surge com maior coerência dentro da direita é o delgado André Davi. Sua atuação combativa pode capitalizar de forma significativa a fatia do eleitorado que busca uma alternativa fora do circuito tradicional da política
Outro ponto ressaltado por analistas, nos bastidores, é que Sergipe vive um momento em que o eleitor moderado tem ganhado importância no cálculo estratégico. A direita local, ao tentar responder à reconfiguração nacional, precisa evitar que disputas internas criem o cenário que cientistas chamam de “competição fratricida”, quando rivais do mesmo campo político ferem uns aos outros e deixam espaço aberto para adversários externos.
Esse movimento também envolve a relação entre nomes como Emília Corrêa, que tenta equilibrar imagem de gestora técnica com afinidade ideológica, e Valmir de Francisquinho, que busca recuperar relevância após sucessivos desgastes dentro do próprio bloco. Ambos tentam se posicionar, é de fácil observação que nenhuma liderança conseguiu, até aqui, consolidar autoridade suficiente para conduzir um projeto coeso de oposição.
Contextos como o atual se caracterizam por “vácuos de direção”, nos quais diferentes atores testam força, tentam impor narrativas e buscam ancoragem em segmentos específicos do eleitorado. Em Sergipe, esse fenômeno se expressa no aumento da disputa por protagonismo, no comportamento divergente entre os grupos e na ausência de um caminho comum claramente definido.
Até 2026, o campo da direita seguirá sendo observado de perto. Talvez não exista crise; pode ser apenas um processo de rearranjo natural, comum em anos pré-eleitorais, mas que exigirá das lideranças sergipanas algo que ainda falta: capacidade de coordenação, leitura estratégica e entendimento do cenário ampliado. Enquanto isso, o eleitorado assiste e aguarda. E a política, como sempre, continua se movendo por gestos, sinais e disputas silenciosas.


