É comum que figuras da oposição utilizem suas redes sociais ou outros meios de comunicação para fiscalizar, criticar e pressionar gestores públicos. É uma prática frequentemente adotada e legítima do ambiente democrático. E em Aracaju, esse movimento ganha intensidade nas vozes de opositores como Elber Batalha (PSB) e Candisse Carvalho (PT), essa que foi uma das principais candidatas à prefeitura em 2024, quando obteve 28.049 votos. Desde então, ela tem usado suas plataformas digitais como ferramenta de crítica quase que diária à administração de Emília Corrêa (PL), a quem apelidou de “prefa do TikTok”.
Em seus perfis, Candisse passou a publicar vídeos frequentes abordando temas polêmicos da gestão, criando recortes, comparações e análises, algumas vezes com humor, para sustentar a narrativa de que a prefeita teria perdido o controle da máquina pública. As postagens citam supostos casos de nepotismo, corrupção, fraudes em licitações e incapacidade administrativa. Diante disso, a Procuradoria-Geral do Município (PGM) reuniu uma coletânea dos conteúdos e ingressou com queixa-crime, acusando a comunicadora de calúnia e difamação. A Secom afirmou que identificou “acusações graves e informações falsas”, justificando o acionamento imediato da Procuradoria.
A reação de Emília, porém, provocou forte repercussão política. Nos bastidores e entre internautas, o gesto da prefeita contra uma opositora mulher, justamente por meio de judicialização, soou como uma postura típica do “sistemão”, contradizendo o discurso da gestora de enfrentamento às velhas práticas da política. O movimento também chamou atenção pelo simbolismo Corrêa, que se apresenta como defensora das mulheres, escolheu processar outra mulher, o que alimentou críticas sobre incoerência.
Após ser notificada, Candisse reagiu publicamente afirmando que a prefeita tenta silenciá-la. “A prefeita que prometeu defender mulheres decidiu me processar para tentar me calar”, disse. “Minha voz não cala e a verdade também não”, completou.
O episódio já é visto como um marco da sucessão. Com a judicialização e a escalada pública do conflito, o embate entre Emília e Candisse ganha dimensão e pode redesenhar o cenário de 2028, especialmente porque Carvalho foi um dos nomes mais fortes de 2024 e tende a chegar ainda mais robusta politicamente nas urnas.


