Antes de ser eleita prefeita de Aracaju nas eleições de 2024, ainda durante o segundo turno, Emília Corrêa (Republicanos) viu Valmir de Francisquinho (Republicanos) reunir uma caravana de Itabaiana e levar aliados à capital sergipana para pedir votos em seu favor no segundo turno. O gesto foi interpretado, à época, como uma tentativa clara de contornar a relação conturbada que ambos já mantinham desde a segunda etapa das eleições de 2022. A estratégia, no entanto, não surtiu o efeito esperado. Após a vitória, Francisquinho não conseguiu conquistar espaços na nova gestão municipal, o que gerou um claro incômodo. O prefeito chegou, inclusive, a externar a insatisfação, citando o que classificou como ingratidão por parte da então “aliada”. E mesmo com tentativas posteriores de vender uma imagem de unidade, os sinais de desgaste jamais deixaram de aparecer.
Nestes últimos dias, por exemplo, a relação voltou a ruir diante das decisões cada vez mais centralizadoras adotadas por Emília dentro do bloco. A prefeita passou a assumir, de forma incontestável, a posição de líder absoluta do agrupamento, concentrando em si a palavra final sobre os principais movimentos, especialmente no que diz respeito à formação da chapa majoritária para 2026.
Na situação mais recente, reafirmou publicamente que sua chapa permanece inalterada, com Rodrigo Valadares (UB) e Eduardo Amorim (Republicanos) como os nomes do grupo, descartando qualquer possibilidade alternativa. A decisão excluiu de vez Adailton Sousa (Podemos), nome que vinha sendo costurado nos bastidores por Valmir como opção para representar o bloco.
A reação de Valmir foi imediata. Ao ir a público afirmar que, “se ela acha que o grupo é só ela, então que siga o caminho dela”, o prefeito de Itabaiana escancarou o desgaste e deu claros sinais de rompimento, reforçando também a percepção de que sua capacidade de articulação dentro do próprio bloco foi drasticamente reduzida, passando de líder a mero liderado nas decisões
Diante desse cenário, a pergunta que fica é: Emília usou o capital político de Valmir no momento em que precisou e depois o descartou, ou apenas exerceu a autoridade de quem venceu a eleição e assumiu o comando do grupo?


