O governo privatista de Fábio Mitidieri (PSD) insiste em transformar Sergipe num balcão de negócios, entregando a Deso ao setor privado, mesmo com numerosos casos de reestatização do saneamento globalmente, onde a privatização não trouxe os resultados esperados.
Enquanto o processo avança rapidamente no estado, disfarçado de concessão, com leilão marcado para o dia 4 de setembro, em São Paulo, um movimento global acontece na direção oposta. Conforme levantamento realizado pelo banco de dados Public Futures, coordenado pelo Instituto Transnacional (TNI), sediado na Holanda, e pela Universidade de Glasgow, na Escócia, foram registrados 344 casos de “remunicipalização” de sistemas de água e esgoto em todo o mundo, entre 2000 e 2023, a maioria ocorrendo na Europa.
De acordo com especialistas, essas reversões são impulsionadas por problemas recorrentes em experiências de privatização e parcerias público-privadas (PPPs), tais como serviços com tarifas inflacionadas, falta de transparência e investimentos insuficientes.
Em Paris, na França, por exemplo, as tarifas de água aumentaram em 174% com a privatização entre 1985 e 2009. Em Berlim, houve um aumento de 24% entre 2003 e 2006, enquanto em Jacarta, capital da Indonésia, as tarifas triplicaram entre 1997 e 2015.
Enquanto isso, o governo de Mitidieri prossegue com a privatização da Deso, enfrentando fortes críticas de especialistas, sindicatos e da sociedade. As principais preocupações incluem possíveis aumentos nas tarifas, deterioração na qualidade dos serviços e a falta de investimentos em áreas menos lucrativas.