O governo de Fábio Mitidieri (PSD) está prestes a concretizar uma das ações mais polêmicas de sua gestão privatista: o leilão da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), marcado para esta quarta-feira, 4, às 14 horas, na sede da B3 em São Paulo.
O processo de privatização, disfarçado de concessão, entregará a Deso de bandeja para o setor privado, deixando a população ainda mais distante da tão aguardada universalização dos serviços essenciais de saneamento.
O leilão, que deve atrair quatro participantes—Aegea, BRK Ambiental, Pátria e Iguá—, promete um contrato de 35 anos, com investimentos de R$ 6 bilhões. O critério de licitação é o de maior oferta de outorga, com um valor mínimo estipulado em R$ 2 bilhões.
De acordo com o edital, nos primeiros três anos, a empresa que vencer o leilão estará proibida de reajustar as tarifas além da inflação. Essa cláusula, que parece oferecer alguma proteção aos consumidores, na verdade adia possíveis aumentos significativos para após 2026, quando Mitidieri tentará a reeleição, evitando assim que as tarifas mais altas prejudiquem sua imagem política.
Além disso, vale destacar que, com essa mudança, Sergipe estará na contramão de várias cidades, estados e até países, onde a privatização do saneamento resultou em aumento de custos e deterioração na qualidade, o que levou à reestatização desses serviços.