A Realce obteve acesso a um extenso documento de mais de quatro mil páginas que detalha um suposto esquema de desvio de recursos públicos, envolvendo a família do candidato a prefeito de Riachão do Dantas, Mário de Mi (UB), e a Associação do Povoado Tanque Novo.
De acordo com o processo de nº 202010300196, Mi Fontes firmou um acordo de colaboração premiada após ser identificado como responsável pela referida associação e por ter recebido indevidamente a quantia de R$ 500 mil. Como parte do acordo, ele se comprometeu a “devolver” R$ 200 mil do montante.
Os registros fornecidos pela Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese) confirmam o repasse de R$ 500 mil à Associação, enquanto a quebra de sigilo bancário revelou movimentações suspeitas, incluindo um saque de R$ 150 mil por meio de cheque de caixa, e a emissão de um cheque de R$ 200 mil, cujo destinatário não foi localizado.
A denúncia também aponta a participação de João Guilherme, filho de Mi Fontes e irmão do candidato a prefeito de Riachão. Ele, conforme os autos, era responsável por assinar todos os cheques da associação, o que implica sua participação direta no suposto esquema fraudulento ao lado de seu pai.
“Nos autos há elementos probatórios fidedignos aptos a evidenciar que os demandados desviaram dinheiro público em proveito próprio, a partir de esquema de simulação de compra e venda de dois terrenos no município de Riachão do Dantas pelo valor de R$ 100.000,00 cada um, a pessoa identificada como Zé de Alvino, um em nome de William de Araújo Fontes [Mi Fontes], outro em nome de Oldemar de Souza Melo, cunhado de William, quando em verdade os imóveis custaram R$ 48.000,00, sendo atribuído o valor de R$ 200.000,00 para justificar os gastos com as verbas de subvenção”, diz um trecho do parecer do Ministério Público, que pede a condenação dos envolvidos por improbidade administrativa.
A situação gera um grande desgaste no grupo de Mário, que, se eleito, irá gerenciar um orçamento em torno de R$ 280 milhões da Prefeitura Municipal.