O resultado do primeiro turno das eleições de 2024 foi um um banho de água fria para vários prefeitos que não conseguiram se reeleger ou eleger seus sucessores. E, amargando essa derrota, muitos têm reagido com atos de crueldade e caprichos políticos, promovendo demissões em massa que impactam diretamente as famílias sergipanas, deixando-as sem acesso a serviços essenciais após as eleições.
Um dos casos que ganhou mais repercussão no estado foi o de Lagarto, no Centro-Sul Sergipano. No município, em que o grupo de Gustinho e Hilda Ribeiro (Republicanos) saíram derrotados com uma diferença de 3 mil votos para Sérgio Reis (PSD), demissões em massa foram registradas após o resultado das urnas, o que levantou especulações de que a medida teria sido tomada para prejudicar a nova gestão, que inicia em 2025. As informações são de que cerca de 1,9 mil servidores estão sendo dispensados, o que levou o Ministério Público a intervir, recomendando que a atual administração suspenda as exonerações.
Na cidade, a escassez de terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, psicopedagogos e fonoaudiólogos, em decorrência das demissões em massa, está causando sérios impactos nas crianças com necessidades especiais, que necessitam de assistência contínua para o desenvolvimento de habilidades motoras e psicológicas.
A situação em Estância é igualmente preocupante, com relatos de que o município está sem fonoaudiólogos há mais de 20 dias, prejudicando principalmente crianças com transtorno do espectro autista, que dependem desse atendimento essencial.
Em Aquidabã, o prefeito interino estaria promovendo centenas de exonerações e rescisões de contratos sem justificativa clara, o que tem sido visto como um desmonte administrativo. Em nota, Ana Helena (UB), que foi a candidata mais votada nas eleições deste ano e aguarda uma decisão do TSE para assumir ou não o cargo, repudiou as ações: “A política deve ser uma ferramenta de transformação social positiva, mas nas mãos erradas pode ser catastrófica, como estamos vendo. Minha solidariedade aos servidores e à população que sofre com a falta de compromisso da gestão atual.”
Em Canindé, apenas dois dias após a vitória de Machadinho (UB), o atual prefeito, Weldo Mariano, emitiu um decreto exonerando todos os comissionados e encerrando os contratos temporários, com exceção de grávidas, servidores em licença-maternidade, funcionários da Secretaria de Educação, conselheiros tutelares, o procurador-geral e os secretários. Além disso, revogou todas as concessões de licenças-prêmio e férias.
Casos semelhantes também ocorrem em Umbaúba. O cientista político e economista Igor Lucena destaca que essas demissões em massa, comuns após derrotas eleitorais, são prejudiciais, pois indicam a desintegração da atual gestão. “A Lei da Ficha Limpa exige que as contas estejam equilibradas, e um orçamento mal gerido pode trazer penalidades aos gestores”, explica Lucena.
Ele também ressalta que demissões em áreas estratégicas podem comprometer o funcionamento do município, sugerindo que as exonerações, se necessárias, deveriam se concentrar em cargos menos essenciais. “É importante que as demissões ocorram em posições que não afetam diretamente os serviços públicos essenciais”, conclui.