Falta apenas um dia para o segundo turno das eleições de 2024, que pode marcar dois feitos históricos na capital sergipana, caso se confirme a vitória da grande favorita do povo, Emília Corrêa (PL): Aracaju poderá presenciar o fim da hegemonia masculina na liderança da cidade, elegendo, pela primeira vez em 169 anos, uma mulher para o mais alto cargo do Executivo municipal, além de romper as correntes que lhe prende a um sistema há quase duas décadas.
Se esse resultado se concretizar – algo altamente provável, considerando todas as pesquisas que indicam Emília a um passo da vitória – Aracaju poderá viver uma verdadeira nova era, ouvindo o grande clamor por mudança que ecoou nos quatro cantos da cidade, transferindo de fato o poder de decisão para o povo.
Além disso, será uma grande mudança considerando que uma gestão feminina possui características singulares que apenas mulheres oferecem à administração pública. Dados do Instituto Alziras sobre prefeitas brasileiras indicam que cidades lideradas por mulheres desenvolvem políticas sociais mais robustas, incluindo a construção de creches, escolas e unidades de saúde.
Durante a pandemia, municípios administrados por mulheres também apresentaram respostas mais eficazes. Um estudo de 2021 realizado em parceria com a Universidade de São Paulo e a Universidade de Barcelona analisou os mais de 5.000 municípios brasileiros e constatou que a presença feminina na liderança esteve ligada a maior adoção de medidas sanitárias, resultando em 44% menos mortes por Covid-19.
Especificamente no cenário político, pesquisas da economista Fernanda Brollo mostram que gestões femininas tendem a ser mais éticas. Ela analisou auditorias em 400 cidades entre 2000 e 2004 e descobriu que cidades lideradas por mulheres apresentaram até 35% menos casos de corrupção.
Talvez por isso, em 2024, ano que inegavelmente foi das mulheres, a população aracajuana tenha demonstrado uma clara preferência por elas para liderar a cidade. Enquanto isso, Luiz Roberto (PDT), que patinou em todas as sondagens do segundo turno, sem conseguir superar a forte candidatura de Emília, caminha para uma amarga derrota nas urnas, num resultado que pode marcar o fim das gestões de Edvaldo Nogueira e do grupo governista, que buscava manter-se no poder a qualquer custo.