Presa sob a acusação de encomendar o assassinato do próprio marido, a cirurgiã Daniele Barreto apresentou, em duas cartas de 12 páginas escritas à mão dentro da prisão, sua versão dos fatos, alegando ter sido vítima de uma série de abusos sexuais, físicos, patrimoniais e psicológicos praticados pelo advogado criminalista José Lael de Souza Rodrigues Júnior, morto a tiros em 13 de junho, em Aracaju.
Em um dos trechos das cartas, Daniele relata agressões, como tapas, murros e puxões de cabelo, além de práticas de tortura, como ser amarrada para evitar marcas e ter tufos de cabelo arrancados. Ela também afirma que José Lael instalou câmeras escondidas no quarto para monitorá-la e gravou estupros, assistindo às imagens posteriormente. “Acordei inúmeras vezes com fissuras na região anal e esperma entre as coxas”, revelou.
A cirurgiã acusa ainda o esposo de envolvimento em tráfico de armas e homicídios, relatando que ele teria participado de transações ilegais que resultaram na morte de um preso recém-libertado.
Como provas, Daniele entregou à sua defesa dois vídeos, segundo o jornal O Globo. Em um deles, ela aparece dopada e inconsciente em sua cama, enquanto José Lael a força a realizar sexo oral. No outro, a médica, com o rosto visivelmente marcado, grava um relato dizendo: “Acabei de apanhar dele. Ele está me ameaçando.” Nesse momento, o advogado aparece ao fundo tentando interromper a filmagem.
As cartas e os vídeos serão anexados ao processo pela defesa de Daniele, que também apresentou depoimento ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Aracaju, negando a autoria do crime.
Apesar das alegações e provas apresentadas pela defesa, a polícia mantém Daniele como a principal suspeita do assassinato de José Lael.