Nesta terça-feira, 3, os funcionários da Renova, responsável pela coleta de lixo em Aracaju, paralisaram novamente as atividades devido a falta de pagamento do ticket de alimentação e do vale-transporte, voltando a causar transtornos na capital.
A paralisação afetou o cronograma da coleta domiciliar em bairros das zonas Sul e Central. Segundo a Emsurb, equipes serão mobilizadas para tentar regularizar os serviços nas demais regiões, especialmente na zona Norte, nos próximos dias.
Mas vale lembrar que esse não foi um episódio isolado. Desde que a empresa Renova assumiu a coleta, em março, em caráter emergencial, Aracaju tem convivido com um serviço cada vez mais irregular. São frequentes os relatos de sacos de lixo acumulados por dias, bairros inteiros sem coleta e moradores expressando indignação nas redes sociais.
Além disso, também tem sido frequentes as paralisações dos trabalhadores. Em 15 de maio deste ano, os coletores cruzaram os braços, alegando atraso no pagamento de horas extras e adicionais de periculosidade.
E, ao invés de assumir a responsabilidade pela escolha da prestadora de serviço, a gestão da prefeita Emília Corrêa (PL) preferiu transferir parte da culpa para a Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema), que em 10 de abril, interditou cinco caminhões da Renova. Os veículos apresentavam graves irregularidades: vazavam chorume, estavam sem a devida licença ambiental e continuaram operando mesmo após a ordem de paralisação. O resultado: condução do gerente à delegacia e multas que somam quase R$ 1,5 milhão.
A raiz do problema, no entanto, está na própria escolha da empresa. A contratação emergencial da Renova desrespeitou recomendações do Tribunal de Contas do Estado (TCE), decisões judiciais e alertas de parlamentares da oposição. Mesmo sem licença ambiental para coleta de resíduos domiciliares e da construção civil, a empresa foi autorizada pela Emsurb a operar, com a promessa de gerar uma economia de R$ 30 milhões aos cofres públicos.
Mas essa “economia” agora cobra um preço alto: ruas sujas, serviços suspensos, trabalhadores insatisfeitos e uma população que paga impostos, mas não vê o básico ser garantido.
A crise do lixo em Aracaju é hoje um reflexo direto das escolhas da gestão. E cada novo episódio, como o desta semana, só reforça o tamanho da polêmica em que a capital foi colocada. Fica a pergunta: até quando a gestão vai continuar empurrando a sujeira para debaixo do tapete?