Com apenas dez meses à frente da Prefeitura de Aracaju, a gestão de Emília Corrêa (PL) já enfrenta um acúmulo de crises que vêm corroendo sua imagem política e desgastando sua relação com a população. O que deveria ser um período de consolidação de sua liderança administrativa tornou-se uma sequência de erros e polêmicas, interpretados por aliados como sinais de uma administração frágil, sem planejamento e dominada por ambições políticas antecipadas.
Logo no início do mandato, a crise do lixo expôs falhas graves na gestão, deixando bairros inteiros tomados por montanhas de resíduos. A falta de respostas concretas para o transporte público agravou a insatisfação popular, ainda mais diante das denúncias de possível sobrepreço na compra dos ônibus elétricos. Agora, o caso que mais abala a credibilidade da prefeita envolve a polêmica locação de um carro blindado, alvo de investigação do Ministério Público de Sergipe.
O MP ajuizou Ação Civil Pública apontando indícios de graves irregularidades no contrato de mais de R$ 300 mil anuais. Entre eles, a ausência de registro de boletim de ocorrência que justificasse a alegada ameaça à vida da prefeita, a subcontratação irregular e até a ligação do veículo fornecido a um aliado político do mesmo partido. Para a Promotoria, os elementos apontam risco de improbidade administrativa e de lesão aos cofres públicos.
O desgaste também se intensificou com o episódio em que uma servidora da prefeitura pediu doações a subordinados para apoiar uma possível candidatura do secretário de Planejamento, Thyago Silva. A denúncia, repercutida nacionalmente, levou à abertura de sindicância interna e somou-se a outros constrangimentos já acumulados ao longo da gestão.
E a situação mais recente, que escancarou a crise de sua gestão, foi a saída de Ricardo Marques (Cidadania) da Secretaria de Comunicação, que alimenta especulações de um rompimento com a prefeita. O relacionamento entre ambos não é dos melhores há meses, como antecipado pela Realce, especialmente após ele ter esvaziado as funções do vice.
Apesar de acertos pontuais, como a atuação de André David na Secretaria de Defesa Social, a percepção majoritária é de que, em menos de um ano, a prefeita já coleciona crises que ofuscam qualquer avanço. Até mesmo aliados próximos reconhecem que Emília precisará abandonar, ao menos por ora, a retórica sobre 2026 para enfrentar o desafio mais imediato: governar uma cidade que cobra soluções urgentes e já demonstra impaciência com os rumos da administração.