Um perfil moderado, adepto ao diálogo e com forte senso de institucionalidade sempre marcou a trajetória política do vice-prefeito de Aracaju, Ricardo Marques (Cidadania). No entanto, esses traços agora, aliados ao momento de desgaste de sua relação com Emília Corrêa (PL), especialmente após ter sido engessado na gestão, segundo informações, e às especulações de um possível rompimento com a prefeita, reforçam também a possibilidade de uma aproximação com o governador Fábio Mitidieri (PSD). E vários outros fatores pavimentam o caminho para sua possível ida à base governista.
Entre esses fatores está a federação entre o PSB e o Cidadania, que unirá o partido da base de Fábio e a sigla de Ricardo. O vínculo partidário cria uma ponte natural e abre espaço para entendimentos, especialmente num contexto em que o governador tem ampliado o diálogo com outras lideranças. O próprio já declarou publicamente que mantém “boa relação com Ricardo”, sinalizando que sua adesão à base não seria vista com estranheza, já que o vice-prefeito “nunca foi oposição ao governo estadual”.
Outro ponto que alimenta essa possibilidade, como já citado acima, é o clima de tensão com Emília. Desde a saída de Ricardo da Secretaria de Comunicação (Secom), assumida agora pela competente Gleice Queiroz, aliados e analistas políticos passaram a interpretar o episódio como um indicativo mais do que claro de distanciamento com a prefeita, apesar dela tentar negar. As divergências se tornaram visíveis, especialmente diante da postura centralizadora de Corrêa.
O vice até tem buscado manter a serenidade e o foco institucional, mas já não esconde incômodos com o rumo tomado pelo Executivo municipal. Além disso, desde que sua esposa, Cecília Marques, assumiu o comando do Cidadania em Aracaju, o clima tenso também aumentou dentro do partido, com a saída de alguns quadros, incluindo Emília Golzio, secretária do Meio Ambiente, deixando questionamentos nos bastidores.
E, caso essa aliança com o governador venha a se concretizar, representaria um grande enfraquecimento político para Emília, que enfrenta o maior desgaste de sua gestão com apenas 10 meses.