No jogo que antecede as eleições de 2026, já há quem esteja pensando dez lances à frente e também quem ainda brigue pela vez de jogar. As alianças se formam nos bastidores, as ambições se revelam nos gestos, e o tabuleiro sergipano, como em uma grande partida de xadrez, vai tomando forma para disputa, com alguns, no entanto, ainda atordoados entre egos feridos, desgastes e fogo amigo.
Essa situação conturbada reflete o cenário vivido por Valmir de Francisquinho (PL). O prefeito de Itabaiana foi novamente condenado por improbidade administrativa no caso do matadouro municipal, em que o Ministério Público pede a devolução de mais de R$ 8 milhões aos cofres públicos. Além de seguir inelegível, ele amarga um desgaste crescente desde 2022, quando decisões precipitadas o afastaram de sua base bolsonarista. Além disso, seus ataques a aliados e amigos gerou insegurança em lideranças políticas e desconfiança da população.
Diante disso, a oposição em Sergipe segue sem um nome forte para enfrentar o governador Fábio Mitidieri (PSD) nas eleições de 2026. Por essa razão, alguns agentes vêm sendo testados, entre eles o ex-senador Eduardo Amorim, que recentemente passou a ser cogitado para o pleito. Outro nome que surge é o do deputado federal Thiago de Joaldo, que se enrola nos ataques ao mesmo governo que há poucos meses elogiava de forma intensa.
Ou seja, o cenário é de completa desestruturação dos opositores, que devem chegar a 2026 longe de qualquer unidade, não apenas para o Governo do Estado, mas também para o Senado.
Para a Casa Alta, a crise no bloco se agravou após o golpe interno dado por Rodrigo Valadares pelo comando do PL em Sergipe, retirando-o das mãos dos irmãos Amorim. O deputado, que chegou a despontar como um dos favoritos na corrida senatorial, enfrentou forte desgaste após essa manobra e também por conta de polêmicas recentes, como o apoio à PEC da Blindagem e a defesa exagerada dos Estados Unidos em episódios que colocaram em xeque a soberania do Brasil. O resultado foi uma queda expressiva nas pesquisas e o afastamento de aliados, como o grupo da prefeita Emília Corrêa (PL), que deve retirar o apoio e cogita lançar André David como candidato ao Senado, ou até mesmo apoiar outros nomes, como Adailton Sousa, além do próprio Eduardo Amorim.
Enquanto isso, a centro-esquerda avança para construir uma frente ampla, especialmente em torno da reeleição do presidente Lula (PT) e para conter o avanço do bolsonarismo. A nível nacional, o petista tem articulado alianças e estreitado laços com outras siglas, como o PSD de Fábio Mitidieri, que já declarou abertamente apoio à sua reeleição. E essa costura, como já abordado pela Realce, pode ter reflexos diretos em Sergipe e reaproximar o governador do senador Rogério Carvalho (PT), que, assim como o pessedista, lidera as pesquisas em seus respectivos cenários para 2026, influenciado pelo protagonismo nacional.
De acordo com a pesquisa W1 Dados, divulgada no início desta semana, Fábio aparece como favorito, liderando em todos os cenários contra todos os possíveis adversários. Já no Senado, Rogério Carvalho lidera o primeiro voto com 8,25%.
Se confirmada essa reaproximação, na qual o prefeito Sérgio Reis (PSD) teve papel decisivo e foi peça-chave desde o início ao defendê-la, ambos garantiriam um forte palanque para Lula em Sergipe e, consequentemente, reforçariam ainda mais o de Fábio, que poderia até mesmo contar com quatro nomes de peso no Senado apoiando sua reeleição: Rogério, Edvaldo Nogueira (PDT), André Moura (UB) e Alessandro Vieira (MDB).