Samira Daud
Dando continuidade à sua série especial de entrevistas com os candidatos ao Quinto Constitucional, a Realce ouve hoje a professora e advogada Samira Daud, que construiu uma trajetória sólida ao longo de mais de 27 anos de advocacia e docência.
Nesta entrevista, ela fala sobre suas motivações para disputar a vaga, as propostas que pretende defender e o legado que deseja deixar à advocacia sergipana, destacando a importância da representatividade feminina, da valorização da advocacia de base e da construção de um Judiciário mais moderno e eficiente.
Confira entrevista completa:
Realce: Doutora Samira, com mais de 27 anos de advocacia e reconhecida atuação no universo jurídico sergipano, o que a motivou a inscrever seu nome para a vaga do Quinto Constitucional e qual legado a senhora deseja deixar à advocacia local?
Samira: A minha motivação nasce de uma trajetória construída na advocacia, na docência e na gestão pública, sempre com o olhar voltado para o fortalecimento das instituições e o respeito à classe. Ao longo de 27 anos de exercício profissional, formei gerações de advogados e advogadas que hoje atuam em diferentes espaços do sistema de Justiça. Entendo que o Quinto Constitucional é uma oportunidade legítima para que a advocacia leve ao Tribunal uma visão plural, sensível e conectada à realidade da sociedade. Desejo deixar como legado um Judiciário mais humanizado, transparente e comprometido com a eficiência e a pacificação social — um espaço de escuta, equilíbrio e justiça.
Realce: Caso eleita integrante da lista sêxtupla e posteriormente nomeada ao cargo de desembargadora, como a senhora pretende tornar o Judiciário mais acessível à advocacia de base, especialmente para colegas de municípios ou com menos estrutura?
Samira: O acesso à Justiça precisa ser um direito real, e não apenas formal. Pretendo contribuir, dentro das atribuições do cargo, para ampliar os canais de comunicação e diálogo com a advocacia de todo o Estado, inclusive dos municípios do interior, valorizando a atuação do advogado e da advogada que enfrentam maiores desafios estruturais. Defendo um Judiciário mais próximo, com linguagem simples e acessível, capaz de oferecer respostas claras e previsíveis. É essencial que a advocacia de base tenha condições de ser ouvida e reconhecida, com celeridade processual, respeito às prerrogativas e decisões que reforcem a confiança social no sistema de Justiça.
*Realce: Que papel a senhora acredita ter, enquanto mulher advogada, ao disputar a vaga do Quinto Constitucional, e que impacto gostaria de gerar para futuras advogadas?*
Samira: Ser mulher em um espaço historicamente marcado por desigualdades representa, por si só, um gesto de coragem e compromisso coletivo. A minha trajetória, construída com trabalho, estudo e ética, é também uma forma de abrir caminhos para que outras mulheres se sintam representadas e encorajadas a ocupar posições de liderança. Quero demonstrar que é possível exercer funções de destaque sem abrir mão da sensibilidade, da empatia e da escuta. A presença feminina no Tribunal contribui para um olhar mais plural sobre a Justiça e fortalece o ideal de equidade que deve nortear toda a sociedade.
Realce: Quais são suas principais propostas?
Samira: Minhas propostas estão estruturadas em três grandes eixos:
1. Excelência técnica e humanização da jurisdição – unir a técnica jurídica à empatia e ao diálogo, fortalecendo a credibilidade das decisões e a confiança da sociedade.
2. Justiça humanizada e cultura de paz – ampliar a aplicação dos métodos autocompositivos, como a mediação e a justiça restaurativa, para promover decisões mais céleres e resolutivas, com foco na pacificação social.
3. Governança sustentável e eficiência institucional – incentivar a adoção de práticas administrativas alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), otimizando recursos e modernizando a estrutura judiciária.
Esses eixos dialogam com um mesmo propósito: construir um Judiciário eficiente, ético e próximo da advocacia e do cidadão.
Realce: Na sua trajetória profissional, quais foram os maiores desafios que enfrentou como advogada e de que forma essas experiências contribuíram para fortalecer sua visão sobre a Justiça e a cidadania?
Samira: A advocacia é uma profissão que nos ensina todos os dias sobre resiliência e empatia. Enfrentei, como muitos colegas, os desafios de lidar com a morosidade processual, a sobrecarga de trabalho e a necessidade de conciliar o exercício da profissão com o ensino e a pesquisa. Essas experiências me fortaleceram e ampliaram meu senso de responsabilidade social. Aprendi que a verdadeira Justiça nasce da escuta, do diálogo e do compromisso ético com a transformação positiva da sociedade. Por isso, acredito que o Judiciário deve ser um espaço de respeito, acolhimento e soluções efetivas, e não de distanciamento.
Realce: Por fim, que mensagem a senhora deixa aos colegas advogados e advogadas que ainda estão em dúvida ou acompanham o processo de escolha, mas que buscam um representante que compreenda seus desafios do dia a dia?
Samira: A advocacia precisa se reconhecer como protagonista na construção da Justiça. A escolha para o Quinto Constitucional não é apenas sobre um nome, mas sobre o tipo de representação que queremos ver no Tribunal. Coloco-me à disposição da classe com serenidade, preparo técnico e compromisso ético. Meu propósito é representar, com independência e diálogo, todos os colegas que acreditam em uma Justiça mais humana, moderna e acessível. Acredito que, juntos, podemos fortalecer a advocacia e contribuir para um Judiciário cada vez mais justo, transparente e próximo da sociedade.


