Victor Barreto
O advogado Victor Barreto é o quarto candidato ao Quinto Constitucional a ser entrevistado na série especial da Realce, que tem ouvido os principais nomes que disputarão uma das vagas mais concorridas e simbólicas do sistema de Justiça sergipano.
Atuante há quase duas décadas, Barreto destacou, durante a entrevista, sobre sua caminhada profissional, e o compromisso que mantém com a valorização da advocacia. Ele afirmou que pretende representar a classe levando ao Tribunal de Justiça de Sergipe um olhar humano, técnico e comprometido com as transformações sociais.
Confira entrevista completa:
Realce: Para começar, conte um pouco da sua trajetória na advocacia. Como você iniciou sua carreira e quais experiências considera mais marcantes na sua caminhada até aqui?
Victor Barreto: Minha história na advocacia começou de forma muito direta. Nos primeiros seis anos de trabalho tive a oportunidade de atuar ao lado do meu amigo Sandro Mezzarano, com ele pude aprender a essência da prática jurídica. Esse período foi fundamental para consolidar minha vocação e entender, no dia a dia, o papel do advogado na vida das pessoas. Depois, vivi uma etapa igualmente enriquecedora no escritório de Eduardo Ribeiro, que ampliou minha visão profissional e fortaleceu minha atuação técnica. Com a bagagem adquirida, decidi abrir meu próprio escritório, assumindo novos desafios e construindo minha trajetória com autonomia e responsabilidade. Ao mesmo tempo, com apenas seis meses de formado, fui aprovado no concurso para Procurador do Município de Lagarto e permaneço até hoje contribuindo para a defesa do município e, principalmente, da sociedade lagartense. Estar próximo da população me fez compreender de maneira profunda a função social da advocacia. Ali, sentimos de perto as necessidades das pessoas e entendemos o impacto real do nosso trabalho. Essa vivência é, sem dúvida, uma das experiências mais marcantes da minha carreira.
Realce: Esta é a primeira vez que o edital do Quinto Constitucional da OAB/SE reserva uma vaga para pessoa com deficiência. Como você recebeu essa novidade e o que representa, na sua visão, esse avanço em termos de inclusão e reconhecimento dentro da advocacia sergipana?
Victor Barreto: Recebi com braços abertos, com muito entusiasmo e alegria. Isso comprova que Sergipe sempre esteve à frente do seu tempo, especialmente dentro da advocacia e da OAB. Como ativista, militante e defensor das políticas afirmativas, considero esse o momento mais histórico da Ordem, pois materializa de forma efetiva tudo aquilo que defendemos sobre representatividade. A reserva de vagas para pessoas com deficiência, assim como a paridade de gênero e a inclusão de pessoas pretas, demonstra que a OAB está efetivando suas políticas com resultados concretos. Estou convicto de que estamos no caminho certo e de que tudo o que construímos valeu a pena. Tenho certeza de que essa conquista vai inspirar e replicar mudanças em todo o Brasil.
Realce: Como tem sido a receptividade da classe e de que forma você pretende mostrar que inclusão e excelência caminham juntas?
Victor Barreto:A advocacia é um espelho da sociedade e minha candidatura se apresenta como uma ponte entre o Poder Judiciário e a sociedade, porque a advocacia representa o povo. Hoje, Sergipe é o estado que proporcionalmente mais possui pessoas com deficiência e nos estudos que realizei esse percentual chega a 17%. A formação de uma lista que inclua pessoas com deficiência, garanta paridade de gênero e contemple a presença de profissionais negros representa inclusão real e efetiva, é a sociedade ocupando seu espaço dentro das instituições. Em relação a receptividade da classe, tem sido extraordinária. Sou profundamente grato pelo acolhimento e pelo respeito que tenho recebido enquanto candidato e enquanto pessoa com deficiência. Isso me motiva diariamente a estar presente onde a advocacia está, ouvindo, dialogando, aprendendo e também retribuindo tudo o que a nossa profissão me proporcionou. E a inclusão não afasta a excelência, pelo contrário, exige preparo e qualificação permanente. Busco me desenvolver continuamente, fiz pós-graduação em Direito Tributário na UFBA, porque na época não havia em Sergipe, concluí mestrado em Direitos Humanos, publiquei livro, fui aprovado em concurso público e sigo aprimorando minha atuação. A diversidade significa qualidade democrática, pluralidade de visões e fortalecimento institucional.
Realce: A disputa pelo Quinto Constitucional exige diálogo, articulação e credibilidade entre os pares. Como tem sido a sua relação com os colegas de profissão e de que forma você busca construir essa caminhada de forma colaborativa e propositiva?
Victor Barreto: Essa trajetória não começou agora. Já são mais de dois anos de construção contínua com postura altiva, colaborativa e sempre muito ouvinte. Ninguém chega a lugar algum sem o apoio dos colegas. Minha relação com a advocacia tem superado expectativas, pois tenho sido muito bem recebido e tenho ouvido bastante. Levo comigo as necessidades e expectativas da classe e venho construindo tudo isso conjuntamente, vivendo a realidade dos fóruns, dos corredores do Judiciário, das comarcas do interior e do Tribunal. Também tive a honra de representar a classe em espaços fundamentais, como presidente da Comissão de Advocacia Pública da OAB Sergipe, presidente da Associação dos Procuradores Municipais e conselheiro seccional da OAB. Essas experiências mostram que já venho exercendo o papel de ouvir, dialogar e defender a advocacia. É no dia a dia da profissão que se fundamenta uma candidatura legítima.
Realce: Muitos advogados e advogadas veem o Quinto como uma oportunidade de fortalecer a presença da advocacia dentro do Poder Judiciário. Que contribuições você acredita poder oferecer ao Tribunal de Justiça de Sergipe, caso venha a ser escolhido? Quais suas propostas?
Victor Barreto:Quero levar ao Tribunal quase duas décadas de vivência real da advocacia, tanto pública quanto privada. Somente quem está no exercício diário da profissão conhece as dores, pressões e responsabilidades de entregar justiça ao cidadão. Tenho compromissos muito claros com a classe, como a proteção firme das prerrogativas profissionais e a valorização dos honorários sucumbenciais. Pretendo garantir disponibilidade constante para atendimento aos colegas, seja presencialmente ou por meio de ferramentas tecnológicas como balcão virtual e telefone, com horários ampliados para facilitar o acesso. Também é essencial fortalecer a advocacia dativa com remuneração justa e processos de nomeação adequados, além de manter atenção permanente ao interior, que ainda enfrenta desafios significativos no acesso à Justiça. Toda minha trajetória me ensinou coragem, altivez, escuta ativa e responsabilidade para com quem precisa ser ouvido. É essa experiência que desejo levar para o Tribunal, unindo sensibilidade, firmeza e imparcialidade para contribuir com um Judiciário mais acessível, humano e eficiente.
Realce: Para encerrar, o que motiva Victor Barreto a colocar seu nome à disposição neste processo? Que mensagem você gostaria de deixar à advocacia sergipana que acompanhará e decidirá essa eleição?
Victor Barreto:Minha motivação é ser essa ponte entre o Poder Judiciário e a sociedade por meio da advocacia. Quero atuar com ética, responsabilidade e total compromisso com as políticas afirmativas. Sou defensor da causa das pessoas com deficiência e de todos aqueles que mais precisam, porque a Justiça deve ter um olhar social forte e efetivo. É um orgulho imenso integrar um Tribunal que é referência nacional. Representar a advocacia sergipana nesse espaço, pela porta que sempre pertenceu aos advogados, será uma honra que nunca imaginei viver, mas que a vida me deu como missão. Estou pronto e totalmente à disposição da classe. Desejo que o representante do Quinto Constitucional em 2025 seja uma pessoa com deficiência e quero ser essa pessoa, dando continuidade a essa luta por inclusão e representatividade. Deixo também uma mensagem eleitoral, no dia 19 de novembro, peço o voto com o número 2, representando a sociedade e o compromisso com políticas afirmativas. Quero ser essa ponte entre o Judiciário e a população com dedicação absoluta. Nunca abandonarei a advocacia, porque foi ela que me formou como ser humano e profissional. Será a advocacia que me conduzirá ao Tribunal de Justiça de Sergipe para construirmos juntos uma nova história.
 
			 
		    


