Na política, o vento muda de direção com a mesma rapidez com que sopra. Um dia, o cenário é favorável, e as alianças parecem sólidas; no outro, a maré vira, e antigos aliados se voltam contra você. E o cenário em volta de Rodrigo Valadares (UB) é um retrato fiel dessa instabilidade. Ele que, até pouco tempo, despontava como um dos nomes mais fortes da direita sergipana e um dos favoritos para o Senado em 2026, agora está isolado e em queda na corrida, o que levanta o questionamento: ele ainda teria chance de voltar forte para o pleito?
A princípio, o favoritismo de Rodrigo se consolidou graças ao apoio público e constante do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que o alçou a uma posição de destaque entre os bolsonaristas de Sergipe. Em diversas ocasiões, o capitão exaltou o nome de Valadares, que se tornou naturalmente o principal nome direitista do estado.
No entanto, às vésperas da eleição, o deputado começou a enfrentar turbulências que caíram como um balde de água fria em seu projeto. Uma delas foi o racha pelo comando do PL em Sergipe, que o colocou em atrito com Edivan Amorim, Valmir de Francisquinho e até mesmo com a prefeita de Aracaju, Emília Corrêa (PL). E o golpe que deu em Edivan, visto como uma traição por grande parte do bloco, pode ter sido fatal, já que quadros de peso têm deixado a agremiação, insatisfeitos com sua postura que, para muitos, é individualista.
Além disso, apesar de ter fidelizado votos com o eleitorado ultraconservador, acabou perdendo apoio em setores mais amplos da direita e do centro após suas declarações em defesa dos Estados Unidos em um momento de tensão diplomática, quando a soberania brasileira estava em jogo.
Mas, apesar do desgaste, Rodrigo ainda é considerado o nome mais forte da direita para o Senado, mesmo não sendo unanimidade entre os “bolsonaristas raiz”. Além disso, o deputado conta com uma forte articulação. O desafio, porém, será conseguir unidade em torno de seu nome, num campo cada vez mais fragmentado e competitivo.


