Em 2018, apesar dos investimentos robustos e da capilaridade política construída no interior, o ex-deputado André Moura (UB) acabou derrotado na disputa pelo Senado, tendo Aracaju como seu Calcanhar de Aquiles. Agora, às vésperas de 2026, diversos fatores indicam que o cenário tende a ser ainda mais difícil do que aquele enfrentado em sua última tentativa, colocando AM novamente diante de um desafio eleitoral monumental, talvez o maior de sua trajetória.
Entre os problemas que insistem em assombrá-lo está o desgaste provocado por condenações judiciais que o tiraram da corrida pelo Senado em 2022. Em 2020, ele foi condenado pela Segunda Turma do STF por peculato e desvio de recursos públicos durante o período em que exercia influência determinante na Prefeitura de Pirambu, entre 1997 e 2004, mesmo sem ocupar formalmente o cargo de prefeito. De acordo com o Ministério Público, André comandava um esquema de corrupção baseado em contratos irregulares e utilizava dinheiro público para custear despesas pessoais, como segurança privada e combustível.
No ano seguinte, já condenado, firmou um acordo de reparação com a Advocacia-Geral da União (AGU), comprometendo-se a devolver cerca de R$ 1,4 milhão aos cofres públicos. Embora a medida tenha sido apresentada como uma tentativa de encerrar litígios, reforçou na opinião pública a leitura de que, ao assumir o ressarcimento, o ex-deputado, de alguma forma, reconhecia a materialidade dos desvios apontados.
Mas a situação se agravou nos últimos meses, com novos episódios ganhando repercussão nacional. Após ter seu nome mencionado na CPMI do INSS, Moura agora é alvo de uma nova crise que envolve diretamente o governo do Rio de Janeiro. Um ofício encaminhado por Victor Travancas, assessor da gestão de Cláudio Castro (PL), e publicado pela Folha de S. Paulo, trouxe acusações contra o sergipano.
No documento, Travancas pediu exoneração da Casa Civil alegando “profunda inconformidade” com a permanência de André Moura na Secretaria de Governo, classificando-o como “criminoso” e afirmando que, embora o STF tenha extinguido sua punibilidade em um dos processos, “isso não apaga os fatos ocorridos e a corrupção por ele praticada”.
O assessor ainda citou a publicação de Moura ao lado do ex-deputado TH Joias, investigado por suposta relação com o Comando Vermelho, como exemplo de condutas que, segundo ele, ferem a integridade da gestão. O governo do Rio, procurado pela Folha, não se manifestou sobre as acusações até o momento.
Não há dúvidas de que o conjunto de desgastes recentes, somado ao histórico de rejeição, empurra o ex-deputado para uma disputa extremamente complexa, talvez mais difícil do que aquela que o derrubou em 2018. Ainda assim, seria um erro subestimar seu peso político. André Moura mantém forte estrutura econômica, apoio de grande parte dos prefeitos sergipanos e o respaldo do governador, fatores que, mesmo diante de um cenário desfavorável, seguem capazes de colocá-lo com competitividade na corrida. Vamos aguardar esse desfecho.


