O Partido dos Trabalhadores (PT) em Sergipe começa a desenhar sua estratégia para as eleições de 2026 e, na disputa pela Câmara Federal, deve contar com dois nomes de grande peso interno: João Daniel, que tentará a reeleição, e Márcio Macedo, ex-deputado federal e ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência. A formação dessa dupla, no entanto, acende alertas dentro da sigla, já que a legenda historicamente garante apenas uma vaga para a Casa pelo estado.
Márcio chega na corrida com vantagens que o colocam, internamente, numa posição mais favorável. Sua ligação com o presidente Lula, sua visibilidade nacional e o volume de investimentos federais que articulou para o estado nos últimos anos lhe conferem musculatura política, capilaridade e alcance que tendem a superar o desempenho de João Daniel. Além disso, Macedo construiu ao longo do governo federal uma rede de relações com prefeitos, fator que sustenta a avaliação de que ele entraria na disputa com maior potencial de voto.
Esse cenário, porém, complica a situação do atual deputado João Daniel. Mesmo com tradição na esquerda sergipana e base consolidada em movimentos sociais, ele enfrenta uma conjuntura muito menos favorável. A presença de MM tende a fragmentar o voto progressista dentro do próprio PT e pode reduzir significativamente o capital eleitoral que assegurou ao deputado sua permanência em Brasília nos últimos pleitos. E caso o ex-ministro não alcance sozinho votação suficiente para ajudar o partido a bater o quociente eleitoral, o risco de o PT ficar sem nenhum eleito torna-se real.
Diante desse quadro, JD deverá enfrentar um dos maiores desafios de sua carreira política. Esse cenário, somado a um panorama competitivo em toda a bancada sergipana, exige que o parlamentar se reorganize, fortaleça alianças e recupere terreno para evitar que a entrada de Macedo represente um encolhimento de sua força eleitoral.
A sigla ainda aposta na possibilidade de que as pré-candidaturas possam se complementar, mas, até o momento, o que se desenha é um processo interno complexo e decisivo para o futuro do PT no próximo pleito.


